Além da queda de temperaturas, a baixa umidade do ar e os ventos fortes são algumas das características mais marcantes do Outono/Inverno. Além de afetar a vestimenta, as estações mais frias também interferem diretamente no estado da pele do rosto e, consequentemente, no que se deve fazer para mantê-la bonita e saudável conforme as circunstâncias demandam.
Ao iG Queer, a dermatologista Lisa Franceschetto, da Clínica MedSculp, aponta alguns dos principais impactos da estação no estado da pele. “A queda da temperatura faz com que as pessoas passem a abusar de banhos mais quentes. Somado à escassez de chuvas e os ventos mais fortes, essa combinação de fatores promove uma perda de maior quantidade de água da pele, levando a ressecamento, descamação e coceiras”, explica. A também dermatologista Sarah Bechstein, co-fundadora da FORMEL Skin, adiciona ainda que a hidratação é um ponto que se torna fundamental quando o assunto é cuidar da pele em tempos mais frios.
“A pele precisa de mais hidratação do que no verão. Em temperaturas abaixo de 8ºC, por exemplo, nossas glândulas sebáceas produzem menos sebo. O sebo geralmente protege nossa pele e a hidrata. Portanto, são recomendados produtos que contenham substâncias de ligação à umidade que contenham ativos como ureia, glicerina, pantenol e manteiga de karité”, aconselha ela.
Cuidados específicos
Valéria Campos, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), dá algumas indicações de diferentes etapas na manutenção dos cuidados com a pele. “Nas estações menos ensolaradas, é muito importante encontrar produtos com ativos para recuperar a pele e tentar fazer uma poupança de colágeno e nada melhor que um bom ácido prescrito por um dermatologista", afirma.
"Durante o calor, produtos de textura mais leve, como séruns e géis, são os queridinhos na hora da hidratação facial, principalmente por deixarem a pele bem sequinha; mas, no frio, abra um espaço para produtos um pouquinho mais densos. Nas estações mais frias e secas, se a sua pele não tiver tendência a acne, deve-se apostar em hidratantes em creme, loçõe e óleos para manter a hidratação natural da pele. Para caprichar na hidratação, também é bom associar o ácido hialurônico que, quando presente em pesos moleculares alto e baixo, estimula a hidratação natural em todas as camadas da pele. Nessa época, fuja de ingredientes como álcool, fragrâncias e detergentes, que tendem a ser ativos que ressecam”, indica.
A especialista também alerta sobre o perigo da esfoliação durante o outono e o inverno e a importância de manter o uso do protetor solar constante. “A época deixa a pele mais sensível, então a esfoliação pode causar coceira, irritação, vermelhidão, sensação de repuxamento e efeito rebote. Durante a estação de Outono/Inverno, às vezes é uma delícia tomar um banho de sol, mas não se deixe enganar: ele não é inofensivo. Nesta época, apesar de uma menor incidência dos raios UVB, responsáveis pela queimadura solar, a radiação UVA, também chamada de matador silencioso e principal causadora do envelhecimento cutâneo, continua forte", aponta.
"Portanto, apesar de não ‘queimar’, o sol danifica a pele. É preciso protegê-la com filtros solares de boa qualidade, com proteção contra UVA, e FPS 30 ou maior sempre que ficar exposto ao sol, mesmo que indiretamente. Outra dica é o protetor com cor de base para quem fica muito exposto a luz visível, devendo ser reaplicado a cada quatro horas”, acrescenta.
O dermatologista Mario Cezar Pires chama a atenção para os banhos durante esse período do ano, tanto no quesito duração quanto temperatura. “O banho deve ser rápido e com água morna. A maioria das pessoas prefere banhos quentes no inverno, mas isso aumenta a perda transepidérmica de água, agravando o ressecamento da pele. Também se deve evitar esfregar a pele em excesso e preferir roupas de algodão, que irritam menos”, indica.
Procedimentos e cuidados adicionais
Durante estações de temperatura mais baixa, existem alguns procedimentos estéticos que acabam sendo mais procurados, pois o frio de certo modo auxilia na recuperação . A dermatologista Fátima Tubini elenca alguns deles.
“Nesse período, a exposição solar é menor, consequentemente é o período ideal para realizar procedimentos onde devemos evitar o sol, como peelings químicos, laser, radiofrequência e micro agulhas. Eles podem e devem ser realizados preferencialmente nesse período do ano”, diz.
Por outro lado, há outras preocupações que vêm à tona nas estações frias, não necessariamente relacionadas à pele do rosto em si, mas a outras partes do corpo. De acordo com Lisa Franceschetto, pacientes que já possuem algum problema na barreira cutânea são os que mais acumulam queixas nesta época.
“Devido a alteração do manto hidrolipídico provocados por alteração dos hábitos diários somados a alterações climáticas, os pacientes que mais costumam sofrer com essa época do ano são aqueles que já apresentam alguma alteração da barreira cutânea, como os portadores de dermatoses inflamatórias [dermatite atópica, eczemas, rosácea] e também pacientes com ictiose”, explica a especialista.
Ela também indica como cuidar de outros aspectos corporais. “Quanto aos cabelos, com os banhos quentes mais frequentes, o calor excessivo da água acaba levando a algumas alterações como a perda da proteção dos fios, tornando-os mais ressecados e sem brilho. Devem ser adotados banhos mais rápidos e com água morna, além do uso de máscaras hidratantes semanalmente e uso mensal de óleos vegetais [coco, óleo de argan, manteiga de karité, amêndoas]. Pacientes com dermatite seborréica devem se atentar com a oleosidade excessiva”, aconselha.
A profissional reitera algumas orientações dadas por outros especialistas com relação à manutenção da pele. “Entre os cuidados básicos, novamente reforço banhos mais rápidos com água morna, associado a redução do uso de sabonetes para apenas uma vez ao dia. Evite o uso de buchas para manter íntegro o manto hidrolipídico da pele e, por fim, o mais importante: hidratação reforçada, principalmente logo após o banho”.
Franceschetto ainda orienta sobre os cuidados com os lábios, que muitas vezes são negligenciados. “Existem hidratantes específicos para os lábios, sendo que em alguns deles está incluído fator de proteção solar. Deve-se evitar hidratar os lábios com a própria saliva”, conclui.
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