Stella Guilhermina Branco e Louise Rodrigues, médicas formadas pela USP em Ribeirão Preto (SP)
Reprodução/Instagram
Stella Guilhermina Branco e Louise Rodrigues, médicas formadas pela USP em Ribeirão Preto (SP)

Em 71 anos de história, Stella Guilhermina Branco e Louise Rodrigues são as primeiras alunas travestis a colarem grau em um dos cursos mais tradicionais do país. No início de dezembro, elas receberam o certificado de conclusão da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP).

Natural de Rio Claro, a 164 quilômetros de Ribeirão, Stella é a primeira pessoa de sua família a fazer uma faculdade. Foi durante o cursinho pré-vestibular que ela passou a confrontar a própria identidade, mas a descoberta como pessoa trans veio um pouco depois, quando já estava na USP. Em 2018, ela enfim se assumiu transexual.

Já Louise cresceu em Mariana, Minas Gerais. Ela passou por um processo conturbado até se reconhecer como uma mulher trans. Foi, inclusive, a amizade com Stella, um divisor de águas para a sua descoberta. O entendimento como travesti, no entanto, só aconteceu em 2019, quando visitou um brechó com uma amiga para comprar roupas femininas.

Hoje, as duas compartilham não só o processo de transição vivenciado ao longo desses anos nos corredores da universidade, mas também o sonho de impactar vidas por meio do trabalho como médicas.

Um projeto de lei apresentado neste ano pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP)  visa implementar cotas para pessoas transexuais e travestis nas universidades e instituto federais do país. A parlamentar, que é uma mulher trans, comentou o texto pelas redes sociais e disse: "A medida visa combater crueldades históricas que nos atingem: 90% das pessoas trans vivem da prostituição".

"O diploma do ensino superior pode concretizar o sonho de muitas de nós de sairmos das ruas, e, para as mais jovens, a possibilidade de nunca entrar nessa vida", acrescentou ela.


    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!