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Reprodução / Globoplay 18.01.2023
O "camarote" Gabriel Santana, no BBB 23, conversando com a integrante do mesmo grupo, Bruna Griphao.

Durante uma conversa no BBB 23 , com as participantes Bruna Griphao e Larissa Santos, o ator Gabriel Santana se abriu sobre sua sexualidade: “Acho que sou 'birromântico'. Eu me interesso romanticamente por homens e mulheres, mas por homens a atração sexual é muito rara. A atração sexual é muito mais por mulher. Já beijei muito cara na vida, mas transar é muito raro”.

O integrante do grupo camarote já havia expressado, desde o início de sua participação no programa , que tinha interesse afetivo e sexual tanto por homens quanto por mulheres. No seu discurso de apresentação, ele afirmou:  “Meninos eu estou disponível, meninas também”.

Contudo, existe de fato a possibilidade de uma pessoa ser 'birromântica', ao invés de bissexual? Ou é possível que uma pessoa expresse as duas formas de se relacionar afetiva e romanticamente? Qual a relação entre as duas orientações?


O que é ser 'birromântico'?


O psicólogo Daniel Amâncio, que é especializado em saúde mental LGBT+ de pessoas negras, afirma que o conceito de 'birromantismo' ainda é "incipiente", e que quase não existem trabalhos acadêmicos e pesquisas publicadas no Brasil que teorizem a questão.

"Nunca atendi um caso clínico em que o sujeito se reconheceu dentro dessa orientação, de ser uma pessoa 'birromântica'. Acredito que essa discussão ainda é um tanto incipiente, inclusive nas produções acadêmicas científicas brasileiras, pelo o que eu pude pesquisar", afirma.

Contudo, o profissional explica que para a organização internacional Rede de Visibilidade e Educação Assexual  (Aven - sigla em inglês), essa orientação está "dentro do guarda-chuva da assexualidade".

"É uma orientação sexual de pessoas que não têm interesse pela prática sexual com uma outra pessoa, mas que podem ter o interesse romântico. Essas pessoas mantêm o desejo de estar na companhia de alguém, de ter compromissos, de ir ao cinema, de sair, de receber presentes e tudo mais, mas não o interesse sexual. Dentro dessa definição, essas pessoas podem ser homo românticas, hétero românticas, 'birromânticas', 'arromânticas',  demi românticas e até ' panrromânticas '. Existem outras classificações, inclusive, porque essa compreensão não se esgotou ainda", afirma o especialista.

Daniel ainda esclarece que as dinâmicas de relacionamento são variadas, o que pode gerar diversas combinações de parceiros com diferentes sexualidades.

"Uma pessoa assexual ou 'birromântica' pode estabelecer um relacionamento e ter combinados, porque a outra pessoa não necessariamente precisa ser assexual ou 'birromântica', por exemplo. O acordo do casal pode ser de não monogamia , uma situação que eu já acompanhei em atendimentos", finaliza.

Para a pedagoga com especialização em sexologia clínica, Claudia Petry, as diversas formas de se reconhecer sexualmente ainda podem causar uma certa confusão na cabeça das pessoas. "Tentar se encaixar seria trazer para si muitas dores, já que o padrão social ainda é heteronormativo", afirma.

"É preciso que a pessoa vá se entendendo, vá estudando, vá se identificando e vá vivendo da forma que ele se sinta bem, confortável e confiante. É um aprendizado para todos: para o próprio ser, para seu círculo de amizade e para sua família. Mas é importante que a pessoa entenda que ela terá que conquistar, dentro dela mesma, a possibilidade de fazer e ser o que a faz mais feliz", diz a especialista. O psicólogo especializado em sexualidade LGBT+, Lucas De Vito, corrobora com a afirmação.

"Assumir um termo é importante para se colocar na sociedade e se compreender melhor. Mas o ideal, é compreender que assim como todo mundo, a sexualidade é um espectro. Ouvir mais o desejo e agir de acordo com ele sem culpar ou sentir vergonha é o mais significativo".


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