World Pride 2021
Foto: Andreas Paulsson/Divulgação/Copenhage 2021 World Pride and Eurogames
World Pride 2021

COPENHAGEN – Nesta quarta-feira, 18, a delegação brasileira de ativistas na World Pride 2021, em Copenhagen, na Dinamarca, fez uma apresentação para expor os principais problemas enfrentados pela  comunidade LGBTQIA+ no Brasil. Na reunião houve representação da Organização das Nações Unidas (ONU), além de ONGs e instituições internacionais de apoio aos Direitos Humanos . Um dos principais destaques foi a crítica ao governo Bolsonaro, às ameças e à piora nos níveis de violência contra os LGBTQIA+ no país.

"O objetivo dessa reunião era trazer para os ativistas brasileiros uma perspectiva macro das entidades globais mais importantes que temos. Essas organizações geralmente não conhecem a nossa realidade no Brasil, então, queríamos ouvi-los e receber apontamentos e ideias sobre o que a gente precisa mudar, aprender ou ter em mente para que a colaboração internacional aconteça efetivamente", explica a ativista Ananda Puchta, diretora no Brasil da Ella Global Community.

travesti e co-deputada estadual por Pernambuco Robeyoncé Lima, participante da delegação brasileira no evento, foi uma das primeiras a falar na apresentação. Ela afirmou que o Brasil é o país onde as pessoas LGBTQIA+ mais são assassinadas em todo o mundo, já há 12 anos. Em seguida, outros ativistas destacaram a dificuldade para coletar e produzir dados acerca da comunidade LGBTQIA+ no Brasil, para produção de políticas públicas efetivas. 

Para Egerton Neto, coordenador da área internacional da Aliança Nacional LGBTI+, ações como essa são importantes para tentar sensibilizar embaixadas e organizações que podem exercer poder de pressão diplomática no Brasil.

"As pontes entre o ativismo brasileiro e o internacional pode contribuir para denúncias na mídia global, influenciar a opinião pública, pressionar o governo brasileiro, sensibilizar embaixadas e órgãos diplomáticos", comenta Neto.

Entre as instituições internacionais que ouviram os brasileiros e podem formar parcerias pelo fortalecimento da causa LGBTQIA+ no Brasil estão: Oram Refugee; All Out; L'autre Circle; Victory Institute; Human Rights Watch; Rainbow Railroad; IACHR; OutRight Action International; Kaleidoskop Trust; Rights Forum; e Victoria. O conselheiro especial da ONU Alexandre Stutzmann também marcou presença.

A World Pride é o maior evento cultural e político do mundo para a causa LGBTQIA+ e é realizada a cada dois anos, sempre em um país diferente. Ativistas, ONGs, parlamentares, embaixadores de todo o mundo são reunidos para debater as realidades e demandas globais da população LGBTQIA+. Em 2021, os primeiros discursos de ativistas e autoridades destacaram a necessidade do movimento social lutar por direitos básicos, como saúde e trabalho, afirmando que esses também são Direitos Humanos essenciais.

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Ativistas brasileiros e representantes de instituições internacionais de Direitos Humanos
Reprodução/Otávio Furtado
Ativistas brasileiros e representantes de instituições internacionais de Direitos Humanos

Fórum de Direitos Humanos
Na programação da World Pride consta um fórum de Direitos Humanos, iniciado na última segunda-feira, 16, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU).

A princesa Maria da Dinamarca participou da abertura e fez um discurso sobre respeito às diferenças e ao amor. Membros do parlamento dinamarquês também estiveram presentes.

Toda a programação de palestras e debates está sendo exibida por straming e pode ser encontrada no Facebook da Copenhage 2021 World Pride and Eurogames . Após a finalização do evento, os vídeos serão publicados no canal do Youtube do evento e vão poder ser acessados a qualquer momento. 

A Associação Nacional de Travesti e Pessoas Trans (Antra) programa uma série de lives no Instagram, para informar os principais destaques da World Pride e resumir os acontecimentos de cada dia. O objetivo das transmissões da Antra é levar as informações do evento para uma maior quantidade de pessoas LGBTQIA+ brasileiras, mesmo aquelas que não foram alfabetizadas e não falam em inglês.

"A gente precisa pensar na camada social trans, cujo 90% vive do trabalho sexual, como única opção . Um relatório acadêmico não vai alcançar muitas dessas pessoas mais vulnerabilizadas. Por isso, estamos organizando essas lives, nas quais vamos utilizar uma linguagem mais facilitada, algo mais lúdico, falando pajubá, inclusive, para traduzir o que realmente a World Pride pode trazer de benefício para o Brasil", argumentou Alicia Krüger, representante da Antra no evento.

Alicia destacou problemas dos movimentos sociais de pessoas trans no Brasil durante a reunião com as instituições internacionais.

Alicia Krüger, representante da Antra na World Pride 2021, em frente à sede da ONU na Dinamarca para abertura do Fórum de Direitos Humanos
Reprodução/Instagram/@antra.oficial
Alicia Krüger, representante da Antra na World Pride 2021, em frente à sede da ONU na Dinamarca para abertura do Fórum de Direitos Humanos

Encontro com o ministro
Na próxima quinta-feira, 19, Carlos Henrique Moscardo, ministro conselheiro e subchefe da embaixada do Brasil em Copenhagen, vai receber a delegação brasileira da World Pride.

A delegação é formada por um grupo de 12 pessoas, representantes de instituições que lutam por direitos LGBTQIA+ no Brasil, além de diferentes áreas de atuação. São eles: Alicia Krüger, da Associação Nacional de Travestis e Pessoas Trans (ANTRA), Ananda Puchta, da ELLA Global Community; Gabriel Alves, da Not Only Voices; Toni Reis e Egerton Neto, da Aliança Nacional LGBTI+; Cláudio Nascimento, da Rede Gay Latino; Otávio Furtado, diretor da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil; a pesquisadora Mariana Hase Ueta; a parlamentar Robeyoncé Lima; o youtuber Pedro HMC e o jornalista Pedro Jordão.

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