Partiu de Rafa Dias, 37 anos, CEO da Dia Estúdio, a ideia de criar a Dia TV, programação linear do canal no YouTube da empresa que tem feito sucesso na internet, especialmente com o programa “De Frente com Bloguerinha”.
Recheado de conteúdo LGBTQIAP+ , o canal conta com influenciadores da comunidade queer que ajudam a propagar mensagens de orgulho, a partir, principalmente, do humor. Rafa Dias também cumpre esse papel ao apresentar programas do canal.
Em entrevista exclusiva ao iG Queer , o empresário lembra quando revelou sua orientação sexual publicamente e como isso foi transformador em sua vida.
“Quando eu falei publicamente na internet que eu era um homem gay foi na transmissão da primeira Parada [LGBTQIAP+ pela Dia Estúdio]. Eu estava em um momento que a minha família já sabia, meus amigos já sabiam, só o público mesmo que nos acompanhava que não tinha essa informação e que ficava sempre me questionando nas redes”, conta o empresário que revela ter ficado receoso de sofrer boicote de marcas ao revelar fazer parte da comunidade.
“Foi libertador, como para muitas pessoas que falam. Acaba sendo um marco”, acrescenta o apresentador. “No final da transmissão [da Parada do Orgulho], nos agradecimentos, eu falei. Eu tinha muito medo de sofrer algum tipo de boicote das marcas, porque isso aconteceu há cerca de sete anos. A gente estava em outro momento do país. Mas não aconteceu [o boicote]”, diz.
Rafa avalia que sua revelação foi um ponto positivo não somente em sua vida privada, mas também profissional, e que a Dia Estúdio ser hoje uma referência dentro do universo LGBT+ foi algo “muito natural”.
CEO abertamente gay
O empresário é um dos poucos CEOs públicos que falam abertamente sobre sua sexualidade no país. Ele acredita que isso vem de sua trajetória no audiovisual brasileiro, uma vez que Rafa dirigiu programas na extinta MTV e trabalhou também no Multishow.
“Nas referências que eu via de diretores de televisão, de autores de novelas, e pessoas no universo da televisão, era muito mais comum a gente ver homens gays nesses lugares. Então, meio que eu cresci nesse universo empresarial um pouco sem nem olhar isso como uma dificuldade, porque eu estava muito olhando para uma referência dentro da televisão, que era mais comum [os diretores serem pessoas LGBTs assumidas]”, diz o empresário.
“Eu recebo mensagens de pessoas falando que, pela primeira vez, conversaram sobre o assunto [suas orientações sexuais e identidades de gênero] em casa. Agora com a Dia TV, eu recebo essas mensagens todo dia, de pessoas falando que começaram a assistir os programas com a mãe, com o pai. Outras falam que ainda não conseguem assistir com a família. ‘No dia que eu morar sozinho só vai passar a Dia TV na minha casa’, dizem essas pessoas.”
“Não é uma coisa que a gente planejou, que a gente quis, ou que foi estratégico. O público LGBT+ nos consome porque tem uma sinergia, as pessoas estão se enxergando na tela”, acrescenta.
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