A cantora Jotta A , de 25 anos, tem lidado com ataques na internet após sua transição de gênero. Ela ganhou notoriedade no Brasil na sua infância, cantando música gospel, e desde o ano começou o processo de afirmação de gênero.
Em fevereiro, a cantora mudou de nome no civil, passando a se chamar Ella Viana de Holanda. Um mês após mudar o gênero e nome, a artista realizou a uma cirurgia de feminilização facial, além de colocar próteses de silicone nos seios.
"Antes eu me estressava com mais frequência com o fato da ignorância ser tão normalizada. Hoje, conto até três e busco paz em coisas que me agregam. Nenhuma briga é válida, porque a gente já tem paz no nosso espírito. Mas claro que tem gente que acaba levando um processozinho por falar demais, desrespeito. Estamos no século 21, transfobia é crime. Mas estou em paz comigo mesma. Já nem me pilho. Estou zen", respondeu Jotta A na redes sociais.
Uma fã questionou ela na caixinha de perguntas, sobre transfobia e ela aproveitou a deixa para dar uma aula sobre transgênero.
"Estudem, por exemplo, sobre os ameríndios e vocês vão ver que a binariedade é imposta pelos europeus a partir da colonização. Os ameríndios tinham um sistema de gênero que era homem, mulher e dois espíritos. Não existia essa questão de binariedade como vemos hoje. Então, se vocês estudarem, vocês vão ver que a partir dos ameríndios, transgêneros e muitas coisas que a sociedade nos faz crer que além de ser sodomita, errada, que muitas pessoas morreram através dessa ideologia, vocês vão ver que eram coisas normais na cultura deles. E eles não tinham essa ideologia de demonizar, como nós fomos demonizados a partir da colonização e da ´cruz e a espada'. Se vocês estudarem um pouco vocês vão ter paz no espírito de vocês para serem livres. Quando nós estudamos e nos libertamos dessas coisas impostas, nenhuma briga é valida", enfatizou.
Ella venceu um torneio de calouros do Programa Raul Gil quando era criança . Em seguida, fez sua carreira na música gospel e em abril de 2022, se assumiu publicamente como uma mulher trans.
"Recomeçar não é fácil, mas estou feliz por estar vivenciando todo esse processo. Feliz em ter tantas pessoas que me apoiam e acreditam em mim nessa nova etapa", disse ela.
"Minha transição de gênero começou na pandemia, mas primeiro eu me assumi como uma pessoa LGBTQIA+. E como eu venho de uma família muito religiosa, então, foi bem difícil essa transição, primeiro essa autoaceitação. Assim que eu fiz a transição, o primeiro passo foi a terapia hormonal. Foi bem legal", contou.
"Me acho uma mulher corajosa. Acho que o meu corpo a cada fase se comporta de uma maneira. A leitura de gênero pode se manifestar desde que você é criança. Eu, quando criança, já me olhava e me imaginava uma maneira. Eu me vejo além de uma maneira da que eu já sou", completou.
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