Erika Hilton reage a fala transfóbica de deputada
Reprodução/Twitter
Erika Hilton reage a fala transfóbica de deputada

Um vídeo do discurso da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados, viraliza desde quarta-feira (30) nas redes sociais.

No registro, a parlamentar rebate declarações da deputada Cristiane Lopes (União-RO), que havia dito que mulheres trans estão tomando espaço de mulheres que "parem, que sentem dores do parto e cólicas" em áreas como esporte e em concursos de beleza em feiras agropecuárias.

No vídeo que já teve mais de 2 milhões de visualizações em sua conta no X (antigo Twitter), Erika Hilton afirmou que o parlamento não pode admitir falas transfóbicas e que "desqualificar a mulheridade de mulheres trans e travestis é, sim, transfobia".

Ela também apontou que o discurso biológico exclui, desconsidera o contexto de violência e preconceito contra mulheres trans e travesti na população brasileira e evidencia uma visão de que mulheres trans são "menos mulheres" e, por isso, "menos cidadãs". Esse discurso, argumentou, contribui para o contexto de vulnerabilidade dessa população.

“A sociedade ainda nos enxerga como menos mulher e, ao nos enxergar como menos mulher, também nos enxerga como menos cidadãs, que não merecem proteção, que não podem estar nos esportes, que não podem receber, como a deputada falou, ser consagradas em agremiações e em festivais. Nós temos que estar onde? Nas esquinas de prostituição, nos cárceres, no drogadicídio? Onde que é nosso lugar, se também não é aqui discutindo uma agenda de direitos a todas as mulheres? A luta das mulheres transsexuais e travestis desse país nunca excluiu nenhum tipo de mulher. Por que a luta de outras mulheres precisa excluir a nossa existência?”, questionou Hilton.

A deputada também lembrou que pessoas trans não ocupam espaços de poder e têm dificuldade de acessar o mercado de trabalho. Em 2022,  Erika Hilton Duda Salabert (PDT-MG) foram as primeiras mulheres trans eleitas para o Congresso Nacional.

“As mulheres ‘de verdade’, nas palavras da deputada, estão perdendo espaços para mulheres trans. Que espaços são esses? Porque onde nós estamos é a pergunta que não se calará. Quantas deputadas transsexuais nós temos nessa casa? Quantas médicas travestis temos nesse país? Quantas juízas, advogadas? Queremos espaços dignos na sociedade, direito à cidadania”, enfatizou.

A deputada do PSOL pontuou ainda que falas como a de Cristiane Lopes contribuem para a cultura do ódio e estigma contra pessoas trans.

“Quando parlamentares eleitas pelo povo usam desse espaço de representação para dizer contra a dignidade dessa população o que nós vemos são travestis que têm seus corações arrancados. O que nós vemos são mulheres transexuais e travestis que não conseguem empregos porque não são consideradas dignas, são expulsas de suas casas, porque existe um sentimento no parlamento brasileiro que corrobora com a cultura de ódio, de preconceito e estigma”.

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** Julio Cesar Ferreira é estudante de Jornalismo na PUC-SP. Venceu o 13.º Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão com a pauta “Brasil sob a fumaça da desinformação”. Em seus interesses estão Diretos Humanos, Cultura, Moda, Política, Cultura Pop e Entretenimento. Enquanto estagiário no iG, já passou pelas editorias de Último Segundo/Saúde, Delas/Receitas, e atualmente está em Queer/Pet/Turismo.

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