Marcela Porto, também conhecida como Mulher Abacaxi, desfilou com os seios à mostra no Carnaval da Marquês de Sapucaí na última sexta-feira (17) e disse haver esquecido de levar a parte de cima da fantasia para a avenida.
Contudo, a caminhoneira trans de 48 anos, que entrou como rainha de bateria da Acadêmicos de Niterói, recebeu uma chuva de críticas pelas redes sociais e disse que está sofrendo preconceito. E, como se não bastasse, o marido, o venezuelano Elvis Santana, a abandonou logo após ela ter saído como rainha de bateria da Acadêmicos de Niterói.
O iG Queer conversou com ela para tentar entender melhor como está sendo esse momento para Marcela. A influencer diz que o que tem sido mais difícil lidar é com os comentários maldosos e transfóbicos.
E ela enfatizou que de fato esqueceu a parte de cima de sua fantasia: “De forma alguma eu faria isso [esquecer da maneria intencional]. Realmente esqueci”.
Anteriormente no Instagram, ela também tinha se manifestado sobre o esquecimento da parte superior da fantasia e sobre o fim do casamento que durou mais de sete anos.
“Oi, gente. Estou um pouco sumida. Estou um pouquinho chateada também depois que passou o Carnaval. Vocês sabem que eu esqueci parte da minha fantasia em casa. E eu tinha duas opções: não saia ou saia sem a parte da minha fantasia que tapava o bico dos meus seios. Saí. Não deixei meu marido saber antes porque ele ia tentar não deixar eu desfilar. Fui e tampei. Meus amigos falaram para não deixar ele saber, continuar com roupão e só tira na Avenida. Ele vai ta ali já. Tirei e não olhei para ele mais. Se não ia quebrar o clima. No dia seguinte ele foi embora", disse em seu perfil.
“Não avisei a ele que iria desfilar daquela forma, pois foi um imprevisto de última hora. Porém, depois do desfile ele simplesmente foi embora. Ele agiu de forma completamente impulsiva e machista. Ele não conversou, apenas foi embora sem dar explicação”, contou ao iG Queer.
Todavia, ela não descarta um possível retorno com o marido: “Se ele vier a mim e se desculpar de sua atitude ridícula, talvez possamos voltar”, cita e completa dizendo que “há bastante críticas sobre minha atitude, mas não vou ficar com uma pessoa que não respeita minha liberdade como mulher”.
Marcela relatou ainda que está triste pelo fim do relacionamento, mas para ela, é preciso se valorizar acima de tudo: “Foi um relacionamento que aprendi muito, mas se ele não entender que sou uma mulher livre, infelizmente, será o fim do nosso relacionamento”.
Segundo ela, no momento ela só queria desfilar e representar a Acadêmicos de Niterói na Marquês de Sapucaí, mas após as críticas ela entendeu que seu ato seria visto como uma forma de naturalizar e representar o corpo trans. “Minha intenção no momento não foi essa, mas acabou sendo uma forma de representatividade, naturalizando o corpo trans”, diz.
Além disso, ela reflete que os comentários sobre os seios à mostra são fruto de transfobia , pois as mulheres cis sempre desfilaram com os seios aparecendo. “Basta olhar os comentários transfóbicos sobre mim. Basta comparar com os desfiles das minhas musas Luma de Oliveira e Viviane Araújo, as quais desfilaram da mesma forma e não receberam esses comentários preconceituosos”, comenta.
Mas não é a primeira vez. Em 2017, ela conta que o marido quase terminou o relacionamento quando soube que ela desfilaria. Assim como hoje, a Mulher Abacaxi disse na época que não deixaria homem nenhum mandar nela.
“Acredito que não foi um erro de minha parte. O carnaval é um local de liberdade e representatividade. Não sei se houve traição por parte dele, mas acredito que me abandonar foi uma forma de traição para mim”, conclui.
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