De acordo com levantamento realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), o Brasil registra uma morte de LGBTQIAP+ a cada 29 horas , mas alerta que o número real, muito provavelmente, é ainda maior.
Foi pensando neste problema, que uma empresa de tecnologia de São Paulo criou o aplicativo Somos+ , uma plataforma digital que conta com diversos recursos, como acesso às informações de impacto social, saúde, direito, oportunidades no mercado de trabalho e principalmente a segurança para a população LGBTQIAP+.
O aplicativo desenvolveu um “botão do perigo” onde, se pressionado por 3 segundos, o sistema envia um pedido de socorro a 3 contatos de confiança cadastrados pelo usuário , sendo enviado também, junto com o pedido de ajuda, a geolocalização precisa da pessoa em perigo , para que um de seus contatos possam pedir ajuda fazendo o menor alarde possível.
“Sabíamos que precisávamos ir um pouco além na questão de auxiliar na segurança dos usuários do aplicativo. Na hora que uma pessoa LGBTQIAP+ está em perigo, a quem pode pedir ajuda? E se não tiver como pedir ajuda?”, questiona Pity Sehbe, fundadora do Somos+.
Já tendo sido referência internacional, em 2003, através do Programa Brasil sem Homofobia, o primeiro programa de governo de políticas públicas para a população LGBTQIAP+, agora vive novamente dias de terror quanto à segurança e inclusão dessas pessoas em diversas esferas da sociedade.
O relatório produzido pelo Observatório de Mortes e Violências contra LGBTQIAP+ chama atenção para o fato de que, principalmente as mulheres trans, são as mais afetadas, nos mais variados ambientes. A rejeição, desde a escola até o mercado de trabalho, tem tornado cada vez mais necessário que a sociedade civil e a iniciativa privada se envolvam nessas questões a fim de oportunizar que essas pessoas sejam mais e melhor inseridas em todas as esferas.
A empresa de tecnologia se inspirou no ‘botão de emergência’ da Uber. Segundo informações da Polícia Militar do Estado de São Paulo , somente entre maio e julho (período de testes), o serviço 190 recebeu 32 chamadas de carros de aplicativo. Isso demonstra que o usuário se sente muito mais confiante em solicitar socorro sem fazer alarde, visto que a reação do ofensor é sempre inesperada.
Embora o Somos+ não tenha integração direta com os serviços de emergência , os familiares ou amigos que recebem o pedido de socorro podem acionar esses serviços e evitar que pessoas LGBTQIAP+ continue sofrendo a violência em decorrência da discriminação de gênero e orientação sexual no Brasil.
“Esperamos sim que, um dia, nossa plataforma possa se comunicar com os serviços de emergência. Isso seria um salto muito importante para a segurança da população LGBTQIAP+, já que sendo integrado, a chance de haver uma viatura de polícia próxima pode evitar mais rapidamente que o usuário seja vítima de qualquer tipo de violência”, finaliza Pity Sehbe.
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