Brasil é o país que mais mata LGBTQIA+
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Brasil é o país que mais mata LGBTQIA+

Ao longo do ano passado, ao menos 300 pessoas perderam a vida para a violência LGBTfóbica no país, número que representa um aumento de 8% em relação a 2020. Com uma morte registrada a cada 29 horas, o Brasil segue liderando o ranking de países que mais matam LGBTQIA+. Os dados são do relatório “Mortes Violentas de LGBTI+ no Brasil – 2021”, divulgados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB).

Um dos casos de homicídio por homofobia registrados no ano passado foi o do operador de telemarketing Gabriel Carvalho Garcia, de 22 anos, morto a tiros no momento em que foi cortar o cabelo, em um salão no bairro Embu das Artes, em São Paulo. De acordo com o registro policial, o criminoso se aproximou da vítima, que estava de costas e sentado na cadeira da barbearia, e atirou pelo menos três vezes na cabeça do jovem. Encapuzado, o suspeito fugiu sem levar nada da vítima ou do salão.

O assassinato de Gabriel ocorreu em junho, justamente durante o mês do Orgulho LGBTQIA+ , e mobilizou as redes sociais com pedidos de “justiça” e “punição”.

Em 2021, os homossexuais masculinos voltaram a ocupar o primeiro lugar no ranking de mortes de LGBTQIA+, somando 51% dos casos. Os grupos seguintes foram travestis e transexuais (36,67%), lésbicas (4%), bissexuais e homens trans (1,33%), uma ocorrência de pessoa não binária e um heterossexual, este último confundido com um gay. Os dados da pesquisa se baseiam em notícias publicadas nos meios de comunicação, que foram coletadas e analisadas pelo GGB.

Em relação à cor das vítimas, 28% eram brancas, 25% pardas, 16% pretas e apenas uma indígena. Cerca de 47% dos LGBTQIA+ tinham entre 20 e 39 anos. Para o fundador do GGB, Luiz Mott, a raça das vítimas é um agravante social da violência, mas ainda é pouco especificada nas reportagens produzidas pela imprensa, fator que dificulta o levantamento de dados por cor.

"Nós reconhecemos que a imprensa melhorou significativamente no tratamento da população LGBT, mas as informações são muito incompletas para falar sobre a cor e a cena do crime. Outro fator é o não reconhecimento de crime LGBTfóbico, muito atrelado às investigações policiais que, na maioria das vezes, configuram o caso apenas como homicídio e não como homicídio por homofobia", explica Mott.

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Ao todo, a pesquisa documentou 276 homicídios (92%) e 24 suicídios (8%). Quanto ao local dos assassinatos, 36% ocorreram na residência da vítima, 32% em logradouros públicos, mas também em estabelecimentos comerciais, locais ermos, na orla marítima e matagais.

Um dos casos do suicídio apontados pelo GGB foi o do dentista Gustavo dos Santos Lima, de 27 anos, encontrado sem vida no dia 14 de outubro de 2021, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Sua morte ocorreu dias depois de uma mãe recusar que sua filha fosse vacinada “por um viado”, ocasião em que a vítima atuava como voluntário na vacinação contra a Covid-19.

Nordeste lidera mortes por LGBTfobia
O Nordeste foi a região onde mais pessoas LGBTQIA+ tiveram morte violenta, com 35% dos casos, seguido do Sudeste (33%). É a primeira vez que o Sudeste concentra tantos óbitos: mais do que a soma total das demais regiões, Sul, Norte e Centro-Oeste.

Ceca de 28% dos assassinatos são consumados com armas brancas (faca, facão, tesoura, enxada); 24% com armas de fogo; e 21% dos casos foram vítimas de espancamento e estrangulamento, incluindo asfixia, tortura, atropelamento doloso.

"A razão para o uso de armas brancas pode sinalizar sobretudo mortes em residências, sendo este tipo de utensílio facilmente encontrado pelo agressor na cozinha. Já as armas de fogo, que costumam atingir mais pessoas trans, estão relacionadas ao crime ocorrido nas ruas. O que justifica já que a maioria das trans são profissionais do sexo e muitas são vítimas enquanto trabalham", pontua Mott.

Impunidade dos agressores

A pesquisa do Grupo Gays Bahia aponta que apenas 95 dos 300 criminosos foram identificados nos noticiários e demais fontes, ou seja, somente 31,67% dos casos foram elucidados no mesmo ano da ocorrência. A explicação do relatório conclui, portanto, que a prevalência da “impunidade nos casos de assassinatos de LGBTQIA+ constitui gravíssimo problema e agravante para a repetição desses mesmos crimes”.

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