Entender a demografia LGBTQIA+ dentro de uma empresa é fundamental para garantir direitos aos empregados
Christin Hume/Unplash e Fotomontagem/iG
Entender a demografia LGBTQIA+ dentro de uma empresa é fundamental para garantir direitos aos empregados

A promoção dos direitos LGBTQIA+ na gestão empresarial encontra alguns desafios e caminhos, mas não pode ser reduzida apenas à questão da demografia. Há, pelo menos, três dimensões envolvidas quando se trata de diversidade, equidade e inclusão, portanto, com a questão das pessoas LGBTQIA+ não é diferente.

A primeira é a dimensão da demografia. É preciso dizer que existimos, mesmo sem saber ainda quantas pessoas existem no mundo que não se enquadram no padrão cis-heteronormativo. Uma empresa pode não saber quantas pessoas LGBTQIA+ possui no país e em seus quadros, mas isso não pode impedir de agir e de adequar suas políticas, processos e procedimentos para considerar que nem todas as pessoas são cisgênero ou heterossexuais. Quantos somos? Onde estão as pessoas? Como podemos contá-las para demonstrar que a demografia da empresa é plural, aberta, segura e respeitosa com todas as pessoas?

A segunda dimensão tem a ver com a primeira. É a dimensão ética. Ela vai nos dizer que uma pessoa importa, que cada pessoa importa, que todas as pessoas importam. Portanto, é muito bom que os países avancem na inserção do quesito LGBTQIA+ pelas instituições do Estado, mas não se trata apenas de uma importância numérica, mas ética. Alguém inventou o termo minorizados para falar de segmentos que, mesmo sendo maioria da população, têm suas características transformadas em motivo para desigualdades e violências de todo tipo.

Não está errado usar o termo minorizado, mas é preciso saber que ele tem foco neste processo de desqualificação e hierarquização das diferenças. O termo minorias sempre é utilizado no sentido político, em relação ao poder, quem o detém e quem não o detém, quem dá as cartas e define como as instituições e a sociedade em geral irão se organizar, se em torno de um único padrão, tido como normal, ou irão considerar a pluralidade da vida.

A dimensão ética deveria ser motivo suficiente para fazer agir na direção de considerar, respeitar, garantir direitos e, enfim, a máxima do artigo primeiro da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. Há quem busque dados sobre quantas são as pessoas LGBTQIA+ para tentar mover uma empresa na direção do tema. Há ainda a tentativa de definir quanto dinheiro esse segmento possui para justificar investimentos nos programas de diversidade que considerem as pessoas LGBTQIA+. A dimensão ética vai dizer que se deve agir porque é a coisa certa, as pessoas existem, têm demandas e, no olhar mais inteligente, há inovações em cada desafio dessas demandas.

Por fim, a dimensão estética não pode ser esquecida. É importante perceber que essa característica, ser uma pessoa que se identifica como LGBTQIA+, transforma o todo quando são consideradas. Muda o design, as estruturas, políticas, processos, procedimentos, posturas. A linguagem é enriquecida para dar conta da realidade, a comunicação é outra, as cores, o dress code, os rituais, os cuidados com a qualidade das relações entre todas as pessoas da empresa e com todos os públicos com os quais interage. É um bom desafio se dedicar a compreender que as pessoas estão no centro de tudo e que as pessoas são plurais, portanto, trazem demandas que irão alterar a forma de ser, de estar no mundo e da empresa se relacionar com ele.

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