A inauguração oficial do Centro de Acolhida Especial Casarão Brasil , importante equipamento público visando mulheres e homens trans em situação de vulnerabilidade localizado na região de Interlagos, zona sul de São Paulo, acontecerá na próxima segunda-feira, dia 13 de junho, às 11h.
O evento terá a presença do Secretário Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, Carlos Bezerra Júnior. Até então, as vagas em projetos predominavam na região central da cidade, o que poderia desestimular quem veio de comunidades periféricas.
“Hoje, numa cidade do tamanho de São Paulo, há apenas 90 vagas de acolhida especial para mulheres trans e travestis, e 30 para homens trans. Além disso, conforme as diretrizes do SUAS (Sistema Único de Assistência Social), a pessoa deveria ter direito de ser acolhida sem ser afastada de seu território de referência, onde tem família, amizades e trabalho. Dessa forma, é fundamental ter um serviço assim na zona sul de São Paulo, que até então não existia”, afirma Ataulfo Santana, gerente do novo espaço.
O Centro de Acolhida Especial conta com 10 quartos com três leitos cada, e mais um adaptado a pessoas com deficiência. A ideia é auxiliar as pessoas trans e travestis que estão sem moradia e trabalho remunerado, ou em outras situações vulneráveis, como dependência de entorpecentes.
“Na casa, elas têm atendimento psicológico, jurídico e assistencial. É um acolhimento provisório, porque a intenção é que sejam reinseridas na sociedade. Então, ficam um tempo nesse espaço para se organizarem, poderem estudar e buscar um emprego”, explica Rogério de Oliveira, coordenador da ONG Casarão Brasil.
“Nós fazemos orientação socioeducativa, promovemos debates e preparamos as conviventes para as questões do mundo do trabalho. Em relação a capacitação profissional, temos parcerias em rede com outras iniciativas de profissionalização ou espaços de entrada para o mercado”, completa Ataulfo Santana.
Mesmo com pouco tempo de existência, o Centro de Acolhida já tem casos de sucesso, tanto na reinserção ao mercado de trabalho, quanto nos acompanhamentos psicológicos para desintoxicação. A casa está em plena operação e já conta com fila de espera para futuros atendimentos.
“Já houve ex-conviventes que tiveram saída autônoma na casa, alugando o próprio espaço e conseguindo acesso ao seu direito à saúde e aposentadoria. Temos também conviventes que conseguiram trabalho e inscrição em programas como o Transcidadania. Entretanto, num acompanhamento de três meses, saídas para moradia autônoma ocorrem quando a atendida já tem uma certa organização. Há alguns casos em que a boa resposta é a adesão à reabilitação na diminuição do álcool e drogas”, aponta Ataulfo Santana.
Além de oferecer atendimentos essenciais, o Centro de Acolhida honra a história do movimento LGBT+ para estimular o orgulho e a autoestima das hóspedes. Por isso, os cômodos levam nomes de grandes ícones da comunidade, além de contarem com exposição permanente de fotos.
A casa tem referências a Brenda Lee e Divinas Divas , enquanto os quartos relembram as trajetórias de Andrea de Mayo, Xica Manicongo, Gisberta, Condessa, Phedra de Córdoba, Claudia Wonder, Anyky, Lacraia, Thelma Lip, Jaqueline Welsh, Thina Rodrigues e Janaína Lima.
Para obter maiores informações sobre o espaço, solicitar ou oferecer apoio aos projetos do Casarão Brasil, acesse o site https://www. casaraobrasil.org.br/ ou entre em contato pelo telefone (11) 98813-6755 ou pelo email contato@casaraobrasil. org.br.
A Casa fica localizada no endereço: Rua Igará Paraná, 94, Vila Emir - Próximo à Estação Autódromo (Linha 9 - Esmeralda da CPTM).