A nova série de reportagens do iG Queer perpassa por todos os âmbitos do debate acerca da inclusão de pessoas trans no cenário esportivo nacional
Arte: Thiago Calil
A nova série de reportagens do iG Queer perpassa por todos os âmbitos do debate acerca da inclusão de pessoas trans no cenário esportivo nacional

O iG Queer promove nesta sexta-feira (10) uma live com Danielle Nunes, mulher trans, atleta amadora de vôlei e engajada nos debates políticos sobre a inclusão de atletas transgênero no esporte. A jogadora esteve presente nas matérias da série “TRANSformando o Esporte”, publicadas entre 6 e 10 de junho, e propôs reflexões desde as experiências pessoais com o esporte até os trâmites políticos vigentes atualmente sobre o debate.

A série de reportagens tem o objetivo de expor e debater o cenário atual acerca da inclusão de atletas trans no esporte, abordando desde a negação desse acesso na infância até as dúvidas, trâmites e obstáculos sociopolíticos enfrentados no alto rendimento e em competições oficiais como um todo. As matérias contam com a presença de especialistas, atletas e ex-atletas que compartilharam experiências e elucidaram conceitos acerca do tema. 

Danielle começou a jornada no esporte por meio do handebol, mas devido à LGBTifobia não conseguiu seguir na carreira. Anos depois, ela retorna ao esporte, dessa vez no vôlei. “Procurei o vôlei em uma escolinha na praia aqui no Rio e comecei a partir daí. Me mudei para Belo Horizonte, onde tinha uma escolinha para adultos, e passei a treinar com pessoas da minha idade ou um pouco mais novas do que eu. Fui aperfeiçoando e melhorando até conseguir entrar em um time na categoria feminina”, conta. 

Uma das principais argumentações pautadas em transfobia para excluir atletas trans é uma suposta “vantagem biológica” que mulheres trans têm sobre atletas cis (que se identificam com o gênero imposto ao nascimento), por exemplo. Sobre isso, Danielle afirma que o esporte em si é construído por equipes e competições nas quais sempre há um time ou atleta com vantagem, caso contrário não existiria vencedor. Por isso, a atleta deixa claro que “a vantagem existe, porém precisa ser conversada da melhor maneira possível, porque o princípio da lei da individualidade biológica mostra que nenhum ser humano é igual ao outro. Logo, não se pode falar sobre igualdade, mas sobre equidade”. 

Em vista disso, a forma atual como a discussão é conduzida visa apenas a exclusão de pessoas trans do cenário esportivo e não o esclarecimento dos pontos que geram dúvidas sobre o tema – lembrando que ainda não existe consenso científico acerca da existência de “vantagem” de atletas trans, pois não há respaldo suficiente para isso. A especialista destaca que é um embate político-ideológico com objetivo excludente. 

“A discussão da vantagem pode ter até começado por essa dúvida científica, mas a gente sabe que o que domina o cenário não é essa questão. Se fosse, até em estatística de partida de jogo fica visível que Tiffany [Abreu] não leva vantagem nenhuma. Ela é bloqueada e os times dela nunca foram campeões da Superliga. Só na última temporada ela ficou entre uma das maiores pontuadoras pela primeira vez”, diz. “Agora imagino se ela fosse uma jogadora completa, sem muitos erros, o quão infernal seria a vida dela.” 

A transmissão da live começa ao meio-dia. Além de aprofundar as vertentes sobre o tema, também será contado um pouco a respeito dos bastidores da apuração e montagem do conteúdo, desde a proposta da pauta até o fechamento das matérias.

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