Saiba quais foram os destaques LGBT no Oscar 2022
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Saiba quais foram os destaques LGBT no Oscar 2022

O Oscar 2022 aconteceu na noite do último domingo (28) e foi recheado de momentos marcantes, incluindo polêmicas e entregas de prêmios históricas. Do ponto de vista da diversidade, foi um grande momento para se celebrar vitórias como de “No Ritmo do Coração” como Melhor Filme, do ator Troy Kotsur, primeiro ator surdo a vencer o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante, e o primeiro Oscar de Will Smith – horas depois de esbofetear o rosto de Chris Rock após uma piada infame com Jada Pinkett Smith .

A noite também foi marcada por diversos momentos históricos e importantes para a comunidade LGBTQIA+ – dentro e fora das telas. A cerimônia foi marcada por discursos políticos de acolhimento e de protesto contra leis anti-LGBTs sendo atualmente criadas nos Estados Unidos. Além disso,  Ariana DeBose foi a primeira atriz abertamente queer a vencer o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, um dos principais pontos altos da noite.

Entre os  filmes que retratam a temática LGBTQIA+ em suas tramas, saíram vencedores “O Ataque dos Cães”, com Jane Campion vencendo Melhor Direção, e “Os Olhos de Tame Faye”, que venceu nas categorias de Maquiagem e Penteados e concedeu o prêmio de Melhor Atriz a Jessica Chastain. Outras obras que retratam a comunidade, como “Flee”, “tick, tick…Boom!” e “On My Mind”, não receberam prêmios.

Saiba quais foram os quatro principais momentos LGBTs do Oscar 2022 e como podem se tornar marcantes para a história da Academia e do cinema.

Protesto ao projeto Don’t Say Gay

O Oscar foi comandado pelas atrizes e comediantes Wanda Sykes, Regina Hall e Amy Schumer. Logo na primeira meia hora da cerimônia, as três direcionaram críticas (bem humoradas e direto ao ponto) ao projeto Don't Say Gay, que entrou em vigor na Flórida em 8 de março deste ano.

"Esperamos que vocês tenham uma ótima noite. Para vocês na Flórida, teremos uma noite gay”, afirmou Sykes, que é lésbica. Em seguida, as três começaram a entoar a palavra “gay” juntas e receberam aplausos da plateia.

O projeto Don’t Say Gay consiste em proibir o ensino sexual nas escolas de todo estado. Além disso, o texto do projeto permite que os pais processem escolas e professores que tentem abordar o tema com os estudantes. Também é possível "denunciar o comportamento queer" de crianças e adolescentes aos pais e responsáveis.

A polêmica lei chegou a receber um apoio financeiro da Disney Pixar de US$25 milhões, concedido pelo CEO da Disney, Bob Chapek. O apoio resultou em um boicote de diversos funcionários do estúdio , que afirmam que há censura de personagens e tramas LGBT e pedem a retirada do apoio à lei.

Ariana DeBose vence Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante

Ariana interpretou a personagem Anita na nova versão de “Amor Sublime Amor”, dirigida por Steven Spielberg. A atriz é negra, lésbica e tem descendência porto-riquenha. É a primeira vez que uma mulher que uma atriz abertamente queer e afro-porto-riquenha recebe a estatueta.

Também é a primeira vez que um prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante é entregue para atrizes diferentes que interpretaram a mesma personagem. Rita Moreno, que interpretou a primeira versão de Anita em 1961, venceu na mesma categoria. O feito só havia sido alcançado por quatro homens: Marlon Brando e Robert DeNiro por Vito Corleone, em “O Poderoso Chefão”, e Heath Ledger e Joaquin Phoenix por Coringa, do universo Batman.

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Ariana aceitou o prêmio com um poderoso discurso sobre aceitação e sobre pertencimento para a comunidade LGBTQIA+ . "Imagine essa garotinha no banco de trás de um Ford Focus branco. Olhe nos olhos dela. Você vê uma mulher negra, abertamente queer, uma afro-latina que encontrou sua força na vida através da arte. E é isso que acredito que estamos aqui para comemorar. Para qualquer um que já questionou sua identidade alguma vez ou está vivendo em uma área cinza, eu te prometo: há de fato um lugar para nós”.

Elliot Page concedeu prêmio

O filme "Juno", um dos principais da filmografia de Elliot, comemora 15 anos em 2022. Em 2008, o filme venceu na categoria Melhor Roteiro Original. Para prestar homenagem ao filme, a Academia colocou Elliot ao lado de J.K. Simmons e Jennifer Garner, que atuaram ao lado dele no longa, para ceder o mesmo prêmio este ano a “Belfast”.

A participação de Elliot na premiação foi curta e sem discursos sobre as pessoas LGBTQIA+ ou trans. Mesmo assim, foi emblemática pelo fato de o ator ser um grande representante de pessoas transmasculinas e homens trans em Hollywood. Também foi uma das primeiras aparições de Elliot em eventos da temporada de premiações após a transição de gênero.

A participação de Elliot também não passou despercebida nas redes sociais. Além de elogiarem o ator, muitos notaram que Elliot parecia muito mais feliz, confortável e confiante este ano do que em relação a suas participações no Oscar e aparições publicas antes da transição de gênero.

Jessica Chainstain fala contra o Don’t Say Gay e prevenção ao suicídio

Jessica já tinha sido indicada duas vezes ao Oscar e finalmente venceu na última noite por seu papel como Tammy Faye Messner, na biografia "Os Olhos de Tammy Faye". Ao aceitar o prêmio, a atriz se posicionou veementemente contra o projeto Don’t Say Gay. 

“Estamos diante de uma legislação discriminatória e preconceituosa que está varrendo nosso país com o único objetivo de nos dividir ainda mais. Há violência e crimes de ódio sendo perpetuados em civis inocentes em todo o mundo. Em tempos como este, penso em Tammy e me inspiro em seus atos radicais de amor”, disse Jessica ao aceitar o prêmio.

A atriz também chamou atenção para os altos níveis de suicídio da comunidade queer. “Estamos tendo tempos muito difíceis que têm sido preenchidos com amor, trauma e isolamento. E muitas pessoas se sentem desesperançosas, sozinhas, e suicídio é a principal causa de morte nos Estados Unidos. Isso tocou muitas famílias. Tocou a minha, e especialmente membros da comunidade LGBT, que frequentemente se sentem desconectados de seus pares”, afirmou.

Jessica também falou contra a legislação em diversos momentos no tapete vermelho, chegando a demonstrar apoio a funcionários da Disney Pixar que boicotaram o estúdio.

Tammy Faye foi uma cantora, empresária e televangelista que foi contra o catolicismo para defender a comunidade LGBTQIA+ nos Estados Unidos, tornando-se uma das grandes aliadas desta população. As manifestações de apoio de Tammy aconteceram nos anos 1980, quando a epidemia do HIV/Aids estava forte.

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