Timothy LeDuc, Nicole Silveira, Aneta Lédlová e Andrew Blaser são algumas das pessoas LGBTQIA+ disputando nas Olimpíadas de Inverno de 2022 em Pequim
Reprodução/montagem
Timothy LeDuc, Nicole Silveira, Aneta Lédlová e Andrew Blaser são algumas das pessoas LGBTQIA+ disputando nas Olimpíadas de Inverno de 2022 em Pequim

A participação de atletas LBTQIA+ bateu recordes nas Olimpíadas de Tóquio 2020  (que, por conta da pandemia, aconteceu em 2021). Estima-se que cerca de 186 pessoas assumidas, incluindo pela primeira vez participantes transgênero, disputaram os jogos. Com as Olimpíadas de Inverno de Pequim, que começaram no último dia 4, a tendência de crescimento é a mesma: cerca de 34 atletas abertamente LGBT estão disputando entre as modalidades.

De acordo com apuração da agência de notícias esportivas  LGBTQIA+ Outsports, o número de participantes da comunidade especificamente nas Olimpíadas de Inverno dobrou desde a última edição, em 2018, em Pyeongchang, na Coreia do Sul.

Os 34 atletas representam 14 países diferentes – incluindo o Brasil –, sendo que 11 deles, a maioria, são do Canadá. É o caso de Nicole Silveira, atleta de Skeleton que quer trazer o outro da modalidade para o país.

Além disso, há participantes vindos de países onde ser LGBTQIA+ é considerado crime ou não legalizaram o casamento igualitário. São os casos da snowboarder tcheca Šárka Pančochová; da jogadora de hockey tcheca Aneta Lédlová; do patinador italiano Filippo Ambrosini; e do dançarino no gelo armênio Simon Proulx Sénécal.

Esta também será a primeira Olimpíada de Inverno com a participação de uma pessoa não binária. É o caso de Timothy LeDuc, que compete pela patinação e afirmou responder pelos pronomes neutros they/them (no Brasil, os equivalentes seriam ile/dile ou elu/delu). Antes de se identificar como não binário, Timothy tinha sido a primeira pessoa abertamente gay a vencer o título nacional de patinação artística nos Estados Unidos, em 2019.

Conheça as pessoas LGBTQIA+ que estão nas Olimpíadas de Inverno


Snowboarding

Belle Brockhoff

A snowboarder australiana de 29 anos é assumidamente lésbica. Ela se assumiu em 2013, desde então, tem feito ações e usado sua visibilidade para pedir uma participação igualitária de pessoas LGBTQIA+ nas Olimpíadas. Esta é a terceira participação de Belle nos Jogos, sendo que nos outros dois ela ficou de fora do pódio por pouco. Em 2021, Belle conquistou seu primeiro ouro no mundial 2021 World Championships.

Šárka Pančochová

Šárka compete pela categoria de snowboarding de inclinação e vem da República Checa. Esta é a terceira Olimpíada dela, que já venceu a medalha de prata no X Games, uma das principais competições da modalidade. No ano passado, Šárka se casou com Kaileen Laree nos Estados Unidos, onde o casamento igualitário é permitido.

Hockey de gelo

Alex Carpenter

A jogadora de hóquei no gelo lésbica é captã do time KRS Vanke Rays na Liga de Hóquei Feminina. Representando os Estados Unidos, ela ajudou a levar para o país a medalha de prata nas Olimpíadas de Inverno na Rússia, em 2014.

Anna Kjellbin

A sueca de 27 anos é defensora e joga pela equipe Luleå HF/MSSK, da Liga Suíça de Hóquei Feminina (SDHL) do país, sendo que Anna já ganhou o campeonato duas vezes e é a 13ª jogadora mais antiga da liga. Este ano, ela tem chances de competir contra sua namorada, Ronja Savolainen, que representa a Finlândia.

Aneta Lédlová

Aneta é da República Checa e já participou de três Mundiais Femininos de hóquei da Federação Internacional de Hóquei no Gelo, em 2016, 2017 e 2019. A atleta é lésbica assumida e está há oito anos com Janna Ra, sua parceira. Ambas têm uma filha de um ano de idade.

Brianne Jenner

Representando o Canadá, Brianne foi para o pódio nas duas últimas Olimpíadas de Inverno: em 2014 venceu o ouro e em 2018, a prata. Ela começou como jogadora de hóquei profissional em 2010 e, já naquele ano, venceu o ouro na Copa das Quatro Nações. Brianne também participou do Cornell Big Red, programa de hóquei de gelo feminino.

Ebba Berglund

Ebba é uma jogadora de hóquei da Suécia assumidamente lésbica. Suas habilidades no jogo chamam atenção já que a atleta cresceu em Örnsköldsvik, uma cidade portuária conhecida por formar a elite do atletismo sueco.

Emily Clark

Emily Clark representa o Canadá e venceu a medalha de prata nas Olimpíadas de Inverno de 2018. No país, ela disputa pelo time de Montreal da Associação de Jogadoras Profissionais de Hockey Feminino (PWHPA). Emily trabalha ativamente para a valorização do hóquei feminino e de mulheres no esporte.

Erin Ambrose

Também representante do Canadá, Erin compete com a Associação de Jogadoras Profissionais de Hockey Feminino (PWHPA) e é membro da equipe nacional. As Olimpíadas de Inverno de Pequim representam a estreia de Erin nos jogos.

Jamie Lee Rattray

Jamie ficou de fora das últimas Olimpíadas de Inverno pelo Canadá, mas conseguiu se classificar para jogar em Pequim como artilheira. No país, ela joga pela equipe Markham Thunder.

Jill Saulnier

Jill também compete pelo Canadá em Pequim. Ela faz parte da Seleção Nacional Feminina Sub-18 e conquistou o ouro no Campeonato Mundial Sub-18 Feminino 2010, em Chicago. Em 2018, ela venceu a medalha de prata nos Jogos de Pyeongchang.

Mélodie Daoust

As Olimpíadas de Pequim marcam a terceira participação de Mélodie nos Jogos pelo Canadá. Ela conquistou as medalhas de ouro e prata nos Jogos de 2014 e 2018. Mélodie vem do Québec, parte do país em que o idioma dominante é o francês, e competiu em muitos mundiais.

Micah Zandee-Hart

A canadense joga pela primeira vez nas Olimpíadas este ano. Ela compete pela equipe feminina de hóquei da Cornell Big Red

Ronja Savolainen

A jogadora de hóquei finlandesa é defensora da equipe Luleå HF/MSSK da Liga Sueca de Hóquei Feminino ao lado de sua namorada, Anna Kjellbin, com quem deve competir contra nessas Olimpíadas. Além de ser lésbica, Ronja é neuroatípica e tem Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH); por isso, a jogadora usa sua voz para acabar com o estigma de transtornos mentais.

Curling


Bruce Mouat

O escocês é abertamente gay e vai estrear nas Olimpíadas este ano. Bruce também é o atual capitão do time masculino do Reino Unido, país que representa nos Jogos. Em 2021, ele venceu em primeiro lugar o World Mixed Doubles Curling Championship ao lado de Jennifer Dodds, sua parceira profissional. Ele também representou a Escócia e venceu em diversos campeonatos nas categorias mistas e masculinas.

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Biatlo

Megan Bankes

Megan compete pelo Canadá e já disputou diversos campeonatos mundiais de biatlo. Megan se identifica como uma pessoa queer e responde pelos pronomes neutros ou femininos. Em 2020, ela se assumiu como uma pessoa homossexual no Instagram e fez um discurso inspirador, em que diz esperar que a próxima geração de atletas possam ser quem são sem discriminação. Essa é a primeira Olimpíada de Megan.

Esqui

Gus Kenworthy

Praticante de estilo livre, Gus é anglo-americano e abertamente gay. Este ano, ele compete pelo Reino Unido. O atleta venceu a medalha de prata nos Jogos de 2014 e participou nas Olimpíadas de 2018 pelos Estados Unidos. Em 2017, Gus recebeu o Prêmio de Visibilidade Utah Gala pela Human Rights Campaign, a maior associação política LGBTQIA+ do mundo.

Makayla Gerken Schofield

Makayla, que compete pelo Reino Unido, se identifica como pansexual. Ela faz parte da modalidade de estilo livre e vai competir em Pequim ao lado da irmã, Leonie Gerken Schofield. Makayla já competiu em diversas competições de renome, como o FIS Freestyle Ski e o Mundial de Snowboarding de 2021.

Salto de esqui

Daniela Iraschko-Stolz

Além de saltadora, Daniela também é uma futebolista da Áustria. Na modalidade de salto de esqui, ela é considerada como uma das atletas mais bem sucedidas em seu país por ter ganhado diversas três Copas do Mundo. Nos Jogos de 2018, a atleta conquistou a medalha de prata. Daniela é bastante engajada com o movimento LGBTQIA+ e, em 2013, se casou com sua atual esposa.

Skeleton

Andrew Blaser

A participação de Andrew nas Olimpíadas de Pequim é histórica, já que ele será o primeiro homem abertamente gay a competir em skeleton nos Jogos. Representante dos Estados Unidos, ele inicialmente fazia piada do esporte e era um voleibolista, líder de torcida e decatleta. Por isso, o atleta só começou a competir em skeleton internacionalmente em 2016.

Kim Meylemans

A atleta representa a Bélgica e, este ano, vai competir contra a namorada, a brasileira Nicole Silveira. Ela se aproximou do skeleton muito jovem: residente de Königssee, Kim foi incentivada por um professor da escola a tentar o esporte. Competidora profissional desde 2009, Kim já venceu diversos mundiais e competições nacionais.

Nicole Silveira

Representante do Brasil na categoria, Nicole vai enfrentar Kim Meylemans, sua namorada, nas Olimpíadas. Em novembro do ano passado, Nicole conquistou a medalha de ouro na Copa Internacional de Skeleton. A atleta está determinada a conseguir a medalha de ouro nos Jogos deste ano.

Patinação no gelo


Amber Glenn

Amber é uma patinadora dos Estados Unidos que já levou a medalha de prata na competição nacional e no CS Golden Spin de Zagreb, ambos em 2021; além da medalha de bronze no CS U.S. Classic, em 2019. Amber se assumiu como bissexual e pansexual em dezembro de 2019, em uma entrevista ao The Dallas Voice.

Eric Radford

O canadense é uma figura bastante importante para a comunidade LGBTQIA+ nos Jogos Olímpicos. Ele foi o primeiro patinador a se assumir em 2014, enquanto participava de mundiais. Em 2018, ele foi a primeira pessoa assumidamente gay a vencer uma medalha de ouro ao lado de sua parceira naquela competição, Meagan Duhamel. Eles também venceram o bronze na competição de ouro no mesmo ano.

Eric também é quatro vezes vencedor do Mundial. O atleta tinha se aposentado após as Olimpíadas de 2018, mas decidiu voltar a competir para se tornar parceiro da patinadora Vanessa James.

Filippo Ambrosini

Representando a Itália, Filippo estreia nos Jogos Olímpicos este ano ao lado de Rebecca Ghilardi, com quem venceu diversos títulos. A dupla também ficou entre os 10 competidores em dois Campeonatos Europeus e venceu três medalhas no Challenger Series de Patinação Artística no Gelo.

Guillaume Cizeron

Guillaume, que é um homem gay, representa a França e é quatro vezes vencedor mundial; além de sete vezes campeão pela França. Competiu nos Jogos Olímpicos em 2018 ao lado de Gabriella Papadakis, em que ambos venceram a medalha de prata. Juntos, os dois já quebraram cerca de 28 recordes mundiais na modalidade.

Jason Brown

Em 2014, Jason levou para os Estados Unidos a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos. Na ocasião, ele se tornou o atleta masculino mais jovem a vencer uma medalha de patinação no gelo. No ano seguinte, em 2015, ele venceu com ouro a competição nacional de patinação. Ele se assumiu como gay em junho do ano passado, durante o Mês do Orgulho.

Kévin Aymoz

O patinador francês já venceu cinco vezes o campeonato nacional e se tornou campeão nacional em 2017. Kévin se assumiu como um homem gay no documentário “We Need To Talk”, lançado em 2021. Esta é a primeira vez que Kévin disputa os Jogos Olímpicos.

Lewis Gibson

Representante do Reino Unido, Lewis é abertamente gay. Esses serão os primeiros Jogos Olímpicos dele, que serão disputados ao lado de Lilah Fear; no entanto Lewis já venceu quatro vezes o campeonato britânico.

Timothy LeDuc

Timothy é a primeira pessoa não binária a participar dos Jogos Olímpicos de Inverno. Ile competirá ao lado de Ashley Cain-Gribble pelos Estados Unidos. Com sua participação, Timothy espera que mais pessoas queer sejam bem sucedidas nos esportes. “Sempre estivemos aqui e sempre fomos parte dos esportes. Só não éramos tão abertos a falar sobre isso”, afirmou Timothy. Antes disso, em 2019, Timothy tinha sido a primeira pessoa abertamente homossexual a vencer ouro na categoria de dupla dos campeonatos nacionais.

Paul Poirier

Representante do Canadá, essa é a terceira Olimpíada de Paul. O atleta se assumiu gay em junho de 2021, aproveitando o Mês do Orgulho, e afirmou que quer ser um modelo para atletas jovens queer que não sabem como entrar no mundo dos esportes. Ele e sua parceira, Piper Gilles, venceram o bronze no campeonato nacional de 2021 e o segundo título este ano.

Simon Proulx Sénécal

Nascido no Canadá, Simon vai representar a Armênia nos Jogos Olímpicos de Inverno deste ano. Essa é a primeira vez que um homem gay compete pelo país, que não reconhece o relacionamento entre pessoas do mesmo gênero. Ele e sua parceira profissional, Tina Garabedian, venceram o bronze no Golden Spin de Zagreb, em 2015.

Patinação de velocidade

Brittany Bowe

Esta é a terceira Olimpíada de Brittany, que venceu a medalha de bronze nos Jogos de 2018, é seis vezes vencedora do campeonato mundial e já venceu 11 medalhas no Campeonato Mundial de Patinação de Velocidade no Gelo. Representante dos Estados Unidos, ela foi a primeira pessoa lésbica a ser classificada para os Jogos este ano.

Ireen Wüst

Representante dos Países Baixos, Ireen é abertamente bissexual e é a atleta olímpica LGBTQIA+ mais premiada de todos os tempos: ela ganhou cinco medalhas de ouro, cinco de prata e uma de bronze em quatro participações nos Jogos. Em 2018, ela foi a primeira atleta assumida a vencer uma medalha. Ela também foi a competidora holandesa olímpica mais jovem a vencer os Jogos de Inverno.

** Camila Cetrone é formada em jornalismo. Desde 2020, é repórter do iG e tem experiência em coberturas sobre cultura, entretenimento, saúde, turismo, política, comportamento e diversidade; com ênfase em direitos das mulheres e LGBTQIA+, na qual está inserida como bissexual. É autora do livro-reportagem “Manda as Bicha Descer”, resultado da apuração de um ano na casa de acolhida LGBT Casa 1, no centro de São Paulo. Coleciona livros, vinis e estuda cinema nas horas vagas. Ama contar e ouvir histórias, cantar mal no karaokê e memes autodepreciativos (jura que faz terapia).

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