Após confirmar a apuração sobre se o Censo Demográfico 2022 estava excluindo propositalmente a população LGBTQIA+ , o Ministério Público Federal do Acre (MPF) confirmou que vai entrar com inquérito para investigar irregularidades. Entre as 26 perguntas planejadas para o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nenhuma aponta informações sobre identidade de gênero e orientação sexual.
Em novembro, o MPF acatou um alerta feito pelo Centro de Atendimento à Vítima (CAV) do estado. Segundo Lucas Costa Almeida Dias, procurador responsável pelo caso, o inquérito deve apurar se existem irregularidades no Censo, já que não existem perguntas para identificar a comunidade.
De acordo com as atuais perguntas, o censo "irá excluir importante parte da população brasileira do retrato real que deve ser demonstrado pelo Censo", segundo justificativa do MPF. A falta de quantificação de pessoas e temas relacionados à comunidade pode dificultar a realização de políticas públicas em todo território nacional.
Atualmente, não existe um censo oficial que calcule a quantidade de pessoas LGBTQIA+ no Brasil. As apurações são realizadas apenas em caráter pontual em alguns estados. É o caso da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista Unesp, que apontou que 2% da população brasileira é trans em um estudo divulgado em novembro.
Quando o MPF determinou que faria uma apuração sobre o caso, o IBGE divulgou uma nota em que afirma que a pesquisa sobre orientação sexual e identidade de gênero é “sensível” e "considerada invasiva".
"O IBGE esclarece que o questionário do Censo demográfico foi finalizado em 2019 e seu conteúdo foi amplamente divulgado pela mídia, na ocasião. Dele nunca constaram perguntas sobre a orientação sexual ou o gênero dos moradores. Em novembro de 2020, o questionário do Censo recebeu a adição de apenas uma única pergunta, sobre a existência de morador com diagnóstico de autismo no domicílio. Desde então, não foram feitas quaisquer modificações no conteúdo do questionário do Censo 2022", apontou na época.