A reprodução assistida tem sido cada vez mais buscada como alternativa para a gestação de filhos por parte de pessoas LGBTQIA+. Os procedimentos comuns e mais requisitados são o de congelamento de óvulos e fertilização in vitro (FIV). No entanto, o congelamento de sêmen é outra opção para casais formados por homens gays ou bissexuais, mulheres trans e travestis.
O congelamento de sêmen é realizado há pelo menos 50 anos e consiste na coleta do espermograma. Melissa Cavagnoli, ginecologista especialista em fertilidade, reprodução assistida e fertilização in vitro, explica que o procedimento é buscado, principalmente, por homens que querem se submeter a cirurgia de vasectomia ou que fazem tratamento para o câncer de próstata.
No entanto, as necessidades também tem se estendido a pessoas que querem preservar a fertilidade. “Após os 45 anos, existe uma queda no potencial de espermatozóides e aumento de doenças e condições na criança devido à idade paterna avançada, como o autismo, por exemplo”, explica a médica.
No caso de casais homoafetivos formados por homens, mulheres trans e travestis, o congelamento de sêmen pode ser recorrido para postergar a gestação. “O sêmen é armazenado e congelado em nitrogênio, para proteger a amostra, e pode ser armazenada por tempo indeterminado”, afirma.
Essa mesma tática também pode ser recorrida por mulheres lésbicas e bissexuais, homens trans e pessoas transmasculinas. Nesses casos, a pessoa pode recorrer aos bancos de sêmen, onde terão acesso a materiais congelados de doadores anônimos.
Qual o procedimento para realizar o congelamento de sêmen?
Melissa explica que a pessoa que quer congelar uma amostra de sêmen deve passar por alguns procedimentos simples. Primeiro, é necessário fazer uma consulta com um profissional, que deverá solicitar a realização dos principais exames sorológicos, como sífilis, HIV e hepatite.
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“Em seguida, se faz um espermograma para avaliar a quantidade desses espermatozóides e um hemograma. Caso tudo esteja dentro da normalidade, o congelamento pode ser agendado”, indica. Como no espermograma, a coleta da amostra é feita por masturbação e é rápida. “Esse sêmen é congelado em nitrogênio líquido e pode ficar congelado por tempo indeterminado em temperaturas bastante baixas, de cerca de -196ºC”, acrescenta a médica.
Melissa explica que, antes do procedimento de coleta de amostra para congelamento, é indicado de dois a cinco dias de abstinência sexual. Fora isso, não existe outro tipo de preparação específica para realizar o congelamento de sêmen. No entanto, é importante que o casal esteja em boas condições físicas e tenha um estilo de vida saudável. “Boa alimentação, atividade física e dormir oito horas por dia são fatores que contribuem para um espermatozóide de boa qualidade”.
O procedimento é considerado seguro e a chance de resultados é considerada boa. De acordo com pesquisas realizadas pelo iG Queer, a faixa de preço para realizar o congelamento de sêmen pode variar entre R$ 800 e R$ 1,5 mil. Além disso, as clínicas pedem um preço anual para fazer a manutenção e o armazenamento da amostra.
Como utilizar o sêmen congelado?
Caso a pessoa que armazenou o esperma tenha interesse em utilizar a amostra, basta contatar a clínica para fazer o descongelamento. Para conseguir a gestação, será necessário fazer uma inseminação artificial ou FIV.
“No caso de casais homoafetivos formados por homens, pode-se recorrer ao banco de óvulos ou encontrar uma pessoa doadora anônima. Também deve-se recorrer a um útero de substituição, que pode ser de uma pessoa da família de até quarto grau”, explica a médica.
Melissa acrescenta que esse procedimento também é seguro e é estabelecido no mundo todo. Esse tipo de tratamento tem regulamentação do Conselho Federal de Medicina. Pesquisas apontam que o preço da inseminação artificial pode chegar até R$ 3 mil. Os tratamentos para a FIV podem ter uma faixa de preço entre R$ 15 mil e R$ 25 mil.