Simone Araujo, mãe de Luís Carlos Sousa de Almeida, se pronuncia sobre suicídio do filho:
Montagem/Acervo Pessoal
Simone Araujo, mãe de Luís Carlos Sousa de Almeida, se pronuncia sobre suicídio do filho: "As pessoas só gravavam"











A mãe do jovem gay que se suicidou após ser ridicularizado por uma crise psicótica , no último dia 4, se pronunciou sobre a morte do filho. O corpo de Luís Carlos Sousa de Almeida, 19, foi encontrado sem vida em um trecho do Rio Tocantins. Rapaz andou nu por 2 km na região central de Porto Franco, no Maranhão, e não teve assistência de civis ou da polícia.

Moradores que estavam nos arredores gravaram Luís Carlos, riam e faziam comentários cômicos. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) escoltou o jovem, mas não prestou assistência ou impediu que o jovem tirasse a própria vida. A família de Luís Carlos registrou um Boletim de Ocorrência (BO) do suicídio. Nesta terça-feira (8), o Ministério Público do Maranhão emitiu nota confirmando que o caso será investigado .


Simone Araújo, mãe de Luís Carlos, se pronunciou após comoção no estado do Maranhão e repercussão em mídias sociais e imprensa. “Se alguém tivesse pegado meu filho, detido meu filho, ele não teria se jogado no rio. Ele não teria perdido a vida dele. Mas eu sei que meu depoimento e tudo o que aconteceu com ele vai impedir que outras vidas se percam” diz.

Simone continua dizendo que seu seu filho estava tentando pedir socorro, mas que não foi compreendido. “Meu filho não volta mais. Eu vou chorar a falta dele para o resto da minha vida, mas Deus permitiu que isso acontecesse com ele para nos despertar”, diz.

Ela aproveitou o depoimento para lembrar sobre Luís Carlos. “O Luís era um menino muito especial. Ele se preocupava muito com as pessoas, tinha um coração enorme. Eu e ele vivemos sempre muito unidos e eu acompanhei de perto tudo que ele passou, tudo que levou ele a fazer o que ele fez”, diz.

Simone conta que tudo o que o filho mais desejava era ser escutado. Luís era conhecido por seu jeito único na cidade, e não tinha medo de usar maquiagens, roupas coloridas e cabelos extravagantes para se expressar. A mãe dele explica que essa era uma maneira de colocar para fora o sofrimento que passava com a depressão profunda.

“Meu filho precisou vivenciar tudo que ele vivenciou para que as pessoas fossem representadas. Ele passou anos querendo ser compreendido, querendo uma oportunidade, e ele não teve. Hoje, milhões de pessoas estão conhecendo quem ele realmente era”, diz.

Conhecida pela comunidade religiosa do bairro em que vive, Simone demorou a compreender a orientação-sexual de Luís Carlos, mas o filho a fez aprender a amar e compreender o diferente. “Uma das coisas que o Senhor me ensinou foi amar, que eu tinha que amar meu Luís Carlos porque ele era diferente e muito especial. Foi isso que aprendi convivendo com ele: aceitar o novo, aceitar o diferente”, afirma.

Segundo Simone, Luís Carlos lutava todos os dias por sua vida e contra a depressão. Ver o filho adoecer fez com que Simone também desenvolvesse uma depressão, o que os uniu ainda mais.

Em algumas conversas que tiveram, os dois comentaram sobre mensagens nas redes sociais se dispondo a ajudar, mas não cumprindo a promessa. “É tudo mentira, porque meu filho procurava e ninguém ouvia. Não tinham paciência nem tempo para ouvir meu filho. A gente falava que esse era um discurso falido porque a gente sempre soube que não era daquele jeito. A gente vivia isso todos os dias”, diz. “Ele atravessou a cidade e as pessoas filmaram, não ajudaram meu filho. Me diz se realmente estavam falando a verdade quando diziam ‘me procura’”, acrescenta.

Ela pede ainda que as pessoas demonstrem amor para ajudar pessoas como Luís Carlos. “Estou aqui tentando despertar as pessoas para as vidas que estão morrendo todos os dias, que estão precisando de socorro. Demonstre esse amor através de um abraço, através de uma frase tão simples que é ‘como é que você está?’.” Simone diz saber que o filho não morreu em vão. “Isso consola meu coração, porque meu filho morreu para que algumas pessoas não viessem mais a morrer da mesma forma como ele morreu”, afirma.

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