Muito antes de Lucas Penteado e Gil Nogueira protagonizarem um beijo gay no "BBB 21", Vanessa Mesquita e Clara Aguilar marcaram a história do programa ao se tornarem o primeiro casal LGBTQIA+ na 14ª edição do " Big Brother Brasil ". Na época, as meninas foram shippadas pelo público como o casal "Clanessa" e até hoje são lembradas com o apelido carinhoso.
Tal como aconteceu este ano, a veterinária Vanessa diz que as duas também sofreram com "olhares tortos" dentro da casa e percebeu que havia uma rejeição entre os participantes porque elas haviam formado um casal de duas mulheres.
"Foram várias as situações de rejeição seja na casa ou nas festas. Só uma ou outra pessoa vinha falar comigo. Tinha um participante que era querido da casa [Cássio] e sempre ganhava a Prova do Líder, então a galera ficava perto dele. Então, eu senti essa rejeição na pele. Pensei até em desistir", revela a vencedora da edição de 2014.
A ex-sister vê a mesma situação se repetir no programa este ano: quando Lucas e Gil se beijaram na festa Holi Festival, o primeiro foi acusado de anunciar uma "suposta bissexualidade" para “chamar a atenção”. A pressão foi tanta que o ator pediu para sair do programa. Vanessa acredita que a circunstância é a mesma que vivenciou com Clara.
"Em algumas situações eu me vejo de novo no programa, mas agora foi bastante questionado pelo público e na minha época não tanto”, opina. "O pouco que eu vi desta edição achei extremamente tóxico porque eu e a Clara vivemos o que o Gil e o Lucas viveram dentro da casa", completa.
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Amor e ódio
O primeiro beijo das ex-sisters foi durante uma das primeiras festas, ao som de “Todas Formas de Amor”, de Lulu Santos. As duas explicam ao iG Queer, que a bissexualidade delas nunca foi um tabu. Na casa, as duas tinham muito o suporte uma da outra, já que a maioria dos participantes eram contra as duas e faziam de tudo para eliminá-las.
“Na minha edição, eram 19 torcidas contra a minha. Como no futebol, as pessoas brigavam muito, foi pesado, mas eu tive fãs que apoiaram a gente. Foi difícil”, acrescenta a veterinária.
Vanessa continua dizendo que, dentro do programa, vários participantes diziam que a relação das duas era “safadeza”, que também queriam “chamar a atenção” e que, quando saiu do programa, foi muito massacrada por parte da internet e desenvolveu depressão por causa disso.
Importância de Clanessa
Clara e Vanessa dizem que a bissexualidade delas também não era um problema fora do programa, pois a família e amigos das duas nunca viam isso como algo polêmico. Contudo, quando saíram da casa, se depararam com um cenário totalmente diferente.
“O primeiro ano pós BBB foi um verdadeiro inferno", narra Clara. "Eu falo que eu ganhei tudo e nada. Se a gente fizesse algo que as pessoas não gostavam éramos julgadas e eu não sabia como lidar com isso porque entrei no reality anônima e saí de lá com todo mundo sabendo meu nome”, lembra.
Hoje, as duas percebem a importância de terem sido o primeiro casal LGBTQ+ dentro de um reality show tão grande como o BBB e ainda recebem mensagens de carinho dos fãs.
“O casal Clanessa dentro do BBB foi de extrema importância para as pessoas entenderem que, independente de sexo, as pessoas podem se gostar. Acho significativo ter essa representatividade no reality porque as pessoas se identificam”, acrescenta a camgirl .
O relacionamento amoroso das duas não durou, porém a amizade e cumplicidade entre as duas é eterna. Na vida fora do Projac, no Rio de Janeiro, Clara é madrinha da ONG de Vanessa, o Instituto Pet Van e elas se sentem mulheres mais maduras depois da experiência do confinamentp.
“A gente era muito imatura, escutava muitas pessoas ao meu redor se metendo na nossa vida. Agora nos resta o companheirismo que foi muito importante dentro e fora da casa”, encerra a veterinária.