A atriz Renata Peron faz parte do elenco da série "Rotas de Ódio", que está com as três temporadas disponíveis no Globoplay. A artista é trans
e assim como retratado na série ela já foi alvo do preconceito e sofreu com agressões. Em 2004, foi espancada brutalmente por um grupo de skinheads na Praça da Sé, centro de São Paulo, e perdeu um rim por conta dessa agressão.
"É um trauma muito grande você ser agredida por ser quem você é. Eu demorei anos para conseguir superar esse trauma, mas hoje, aos 43 anos, posso dizer que consegui. Acabei entendendo que o problema não sou eu, mas a sociedade ruim e emburrecida em que vivemos. Fisicamente, ainda carrego algumas marcas. Preciso beber três litros de água por dia, para que o meu único rim continue funcionando bem. Também não uso mais biquíni e nada que mostre a minha barriga, pois tenho vergonha da grande cicatriz que ficou", disse em entrevista à colunista Patrícia Kogut.
Além do trabalho como atriz, Renata também é cantora, assistente social e militante pelos direitos humanos. A artista é criadora da "Caminhada pela paz: sou trans, quero dignidade e cidadania", que ocorre em São Paulo todo final de janeiro, próximo ao dia da visibilidade trans, mas que esse ano contará com uma edição virtual.
"Costumo dizer que eu sou uma 'artivista'. São anos e anos de luta pelos diretos não só das pessoas trans, mas de outros grupos oprimidos, como a população preta e os nordestinos em São Paulo. Eu sou paraibana e vim para São Paulo no início dos anos 2000 para tentar realizar o sonho de ser artista. Mas, chegando aqui, descobri que não seria tão simples assim. Sofri preconceito de todos os tipos. Por ser nordestina e muito afeminada e não me enquadrar num padrão. Nós precisamos provar a nossa capacidade o tempo todo, a vida inteira. É algo que as pessoas cis não passam, por exemplo", comenta Renata Peron.