David Miranda na entrega da Medalha Tiradentes a profissionais que promovem a cultura LGBTQIA+ no RJ
Reprodução/Instagram - 06.04.2022
David Miranda na entrega da Medalha Tiradentes a profissionais que promovem a cultura LGBTQIA+ no RJ


Mesmo após perder as prévias tucanas para João Doria , o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite  ainda tenta viabilizar sua candidatura à presidência da República. O tucano, que assumiu recentemente ser um homem gay, tenta ser o nome escolhido para representar a direita nas eleições deste ano.

O nome de Leite, no entanto, sofre resistência por parte de integrantes da comunidade LGBTQIA+. Em 2018, no segundo turno, o gaúcho apoiou o nome de Jair Bolsonaro para a presidência, mesmo ele usando um discurso abertamente LGBTfóbico em sua campanha.

O deputado federal David Miranda (PDT/RJ), que é um homem gay, é um dos integrantes da comunidade que não apoia o ex-governador. O carioca, que deixou o PSOL e migrou para o PDT, considera que Leite não representa o movimento.


"Vou ser sincero: se você faz parte de uma comunidade, mas você não é ativo dentro dela, não faz nada, você representa sem representação. Eduardo Leite nunca representou a classe LGBT", analisa o deputado.

O ex-governador decidiu não concorrer para o segundo mandato em seu estado e deixou o Palácio Piratini no prazo definido pela Justiça Eleitoral para conseguir disputar um outro cargo nas eleições deste ano. O destino do gaúcho ainda não está definido, mas ele segue em reuniões em Brasília buscando apoio da direita para derrotar Doria na corrida presidencial. 

Se Leite conseguir viabilizar sua candidatura, essa será a primeira vez no Brasil que um homem assumidamente gay disputará a cadeira do Palácio do Planalto. "É um fato que a orientação sexual vai diferenciar Leite dos outros candidatos, mas ele não representa nada para as políticas públicas, nem símbolo de referência ele consegue ser", diz Miranda.

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"Adoeci na política" 

David Miranda foi eleito em 2016 vereador da cidade do Rio de Janeiro, sendo o primeiro gay a assumir o cargo na capital fluminense. Em 2018, o carioca assumiu a vaga na Câmara dos Deputado deixada por Jean Wyllys, que precisou se mudar do Brasil após sofrer ameaças de morte. 

Por alguns anos, Miranda foi o único deputado assumidamente gay dentro da Câmara dos Deputados. As pautas do movimento sempre estiveram em seus projetos, mas, segundo ele, isso lhe custou um preço caro. 

"É muito difícil levar nossas pautas para o Congresso. Fui hostilizado diversas vezes em debates que nem tinham nada a ver com a nossa comunidade. É muito violento. Eu me adoeci de estresse, ansiedade, depressão e tive que lutar com tudo isso porque tinham pessoas precisando dessa minha luta. Tem que ser forte, mas eu tiro força do apoio que recebo da comunidade", conta o deputado.

Saída do PSOL 

Na última semana, Miranda deixou o Psol e se filiou ao PDT. Sua chegada ao partido de Brizola contou com a participação do ex-ministro e pré-candidato à presidência da República Ciro Gomes. 

A saída do carioca do Psol se deu pelo posicionamento do partido em apoiar Lula ainda no primeiro turno das eleições deste ano. "Hoje em dia a política está se tornando um local de cargos em vez de ser uma causa. O Psol é um lugar em que as pessoas estão se movimentando na estrutura do PT, porque o Lula está ganhando as pesquisas. E eu não me sinto confortável neste cenário", conta Miranda.

Agora no PDT, o deputado vai apoiar Ciro, quem ele acredita ter o melhor projeto para o país. Se as pesquisas se confirmarem, e o segundo turno for entre Bolsonaro e Lula, Miranda não pensará duas vezes em apoiar Lula.

"O PDT é um partido progressista, que vai fazer a escolha óbvia. Mas acredito que Ciro é quem estará no segundo turno e será o próximo presidente da república”, conclui o deputado.

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