No dia 14 de março de 2018, a então vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, voltavam de um evento na Casa das Pretas, instituto importante na promoção dos direitos das mulheres negras no Rio de Janeiro . Na ocasião, eles foram emparelhados por um carro e mortos com os disparos de 13 tiros.
O caso chocou o país e seis anos depois segue inconclusivo. Após uma extensa investigação da polícia, que teve de lidar com destruição de provas, queimas de arquivo e denúncias falsas, foram definidos uma série de suspeitos, como Ronnie Lessa, principal acusado dos disparos. Contudo, a polícia ainda não chegou ao mandante do crime.
O legado da vereadora, — como uma pessoa negra, lésbica e cria da Maré — é revisitado e impulsionado por todo o Brasil desde sua morte, e segue intacto, com as pautas que ela defendia ainda atuais e pertinentes.
Militante, política e obstinada
Antes de se tornar vereadora, em 2006, Marielle integrou a equipe de campanha de Marcelo Freixo, à época candidato a deputado estadual. Eleito, Freixo a nomeou como sua assessora parlamentar.
Na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Marielle assumiu a coordenação da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania. Lá, a militante prestava auxílio jurídico e psicológico a familiares de vítimas de homicídios ou policiais vitimados.
Como assessora, também teve importante papel de auxílio a Marcelo Freixo durante a CPI das Milícias, presidida por ele e que gerou um relatório que indiciou, na época, 200 pessoas assassinatas por crimes diversos em 2008.
Em 2016, Marielle foi eleita vereadora do Rio de Janeiro, como a mulher que recebeu mais votos naquele ano, e a quinta vereadora mais votada da capital fluminense, com 46.502 votos, naquela que foi sua primeira disputa eleitoral.
Como vereadora, Marielle se envolveu oficialmente em 118 proposições na Câmara. Entre moções, requerimentos, ofícios e emendas estão 17 projetos de lei propostos por ela.
Oito deles foram protocolados apenas em seu nome, e outros oito em conjunto com demais vereadores da Casa. Como presidente da Comissão de Defesa da Mulher da Câmara, Marielle também propôs mais um projeto, além de desempenhar papel fundamental no acolhimento de mulheres da periferia que procuravam a Secretaria da Comissão.
Destes, três viraram lei enquanto a vereadora ainda estava em atuação. Um deles versava sobre a autorização da operação de mototáxis na cidade, enquanto outra estabelecia limites para contratos e licitações entre o município do Rio e organizações sociais na área da saúde.
O terceiro estabeleceu diretrizes para a criação de casas de parto e atendimento às grávidas e puérperas da cidade. Depois de sua morte, outras nove PLs propostos por ela foram aprovados.
Entre estes estão várias das pautas defendidas por Marielle em temas como cidadania, direitos humanos, saúde, educação e os direitos das mulheres. A continuidade de seu projeto político foi mantida pelo Instituto Marielle Franco.
O Instituto
O papel do Instituto, além de preservar sua memória, é também formar novas militantes. Um documento foi elaborado, durante o pleito de 2020, em busca de promover projetos e pautas que Marielle defendeu em vida.
O Instituto, mantido pela família de Marielle, também buscou organizar manifestações, dossiês e documentos que sumarizam o caso, buscando por justiça pelo assassinato.
Para rememorar os seis anos do crime, o Instituto lançou o clipe “Seis Anos é Tempo Demais”, além de organizar eventos e atos no Rio de Janeiro, como uma passeata que partiu da estátua de Marielle, no Buraco do Lume, até a Câmara Municipal.
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