No Brasil, cerca de 94% das jovens e adolescentes negras que se identificam como parte da comunidade LGBTQIAPN+ , com idades entre 14 e 23 anos, afirmam já terem sentido ou presenciado situações de preconceito em instituições de ensino, como escolas ou faculdades. Isso é o que mostra um levantamento realizado pela segunda edição da Pesquisa Diversidade Jovem do Espro (Ensino Social Profissionalizante).
A pesquisa, que ouviu 2.738 adolescentes e jovens, com idades entre 14 e 23 anos, tem como objetivo mapear as percepções de adolescentes e jovens sobre os desafios relacionados a temas como etnia, orientação sexual, identidade de gênero e a vivência de suas diversidades no mercado de trabalho, nos ambientes de ensino e em espaços públicos. Todos os jovens entrevistados são ou já foram aprendizes, estagiários e alunos do curso de Formação para o Mundo do Trabalho (FMT) do Espro.
Ainda de acordo com o levantamento, 90% das jovens negras LGBTQIAPN+ já sofreram preconceito em ambiente familiar; 88% em serviços, locais públicos e ambientes coletivos, como lojas, restaurantes e eventos; 83% em espaços religiosos; e 49% no trabalho.
A pesquisa também aponta que 80% destas meninas esconderam ou omitiram alguma característica da sua diversidade em ambientes familiares e 70% passaram por isso na escola ou faculdade.
No trabalho, em locais públicos e lojas e em espaços religiosos, a quantidade de jovens que deixaram de viver sua diversidade por receio é de respectivamente 55%, 65% e 69%.
Adolescentes e jovens LGBTQIAPN+
Dentre os participantes do estudo, 31% já se identificaram como membro da comunidade LGBTQIAPN+ (não cisheteronormativo) e 54% estão em situação de alta vulnerabilidade social.
Considerando tal grupo, a situação é tão ruim quanto a das meninas: 92% afirmam que já presenciaram ou sofreram preconceito por conta da sua diversidade na escola ou faculdade, sendo que 56% afirmam presenciar ou sofrer preconceito várias vezes ou sempre.
Em ambientes familiares, 89% presenciaram ou sentiram o preconceito. Metade desses jovens dizem passar por isso várias vezes ou sempre. Devido a isso, 78% afirmam que já esconderam ou omitiram sua diversidade na vivência com a família. Desse total, 37% fazem isso sempre.
Para 88%, situações de preconceito em serviços como transporte, consultórios, restaurantes e eventos é constante em suas vidas.
“A nova edição da pesquisa mostra que, mesmo com altos índices de situações preconceituosas, os locais de ensino ainda são ambientes onde 86% dos jovens LGBTQIAPN+ conversam sobre diversidade. Além disso, quando os jovens estão entre os seus em passeios, festas e momentos de lazer, 87% sentem-se à vontade para conversar sobre diversidade. Isso mostra como a sociedade ainda restringe e inibe os jovens LGBTQIAPN+ de viver sua diversidade livremente, de ser quem eles realmente são sem se preocupar com sua segurança e seu bem-estar social”, observa Alessandro Saade, superintendente executivo do Espro.
Perfil dos entrevistados
A Pesquisa Diversidade Jovem 2023 foi realizada por meio de um questionário online estruturado com 29 perguntas. Participaram do levantamento jovens de 15 estados mais o Distrito Federal, com predominância de pessoas de São Paulo (48%), Rio de Janeiro (12%), Pernambuco (10%) e Minas Gerais (9%).
Os respondentes têm idade média de 19 anos, com a maioria habitando lares com três ou quatro moradores (61%) e de famílias com renda média de até três salários mínimos (72%).
“As organizações, em geral, estão cada vez mais conscientes da importância dos ambientes inclusivos e plurais. Não apenas por política de responsabilidade social, mas para a própria sustentabilidade dos negócios, uma vez que a diversidade traz para dentro das empresas a realidade do nosso país, da nossa cultura, do nosso povo, permitindo uma conexão mais verdadeira da empresa com seus diversos públicos de interesse”, afirma Alessandro.
A coleta das respostas aconteceu entre os dias 1º de agosto e 7 de setembro de 2023. O índice de confiabilidade é de 99% e a margem de erro é de 2,3%.
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