Epidemia LGBTQ+? Geração Z é a mais queer da história
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Epidemia LGBTQ+? Geração Z é a mais queer da história


Sejam bem-vindes à minha primeira coluna no iG Queer . Meu nome é Bruno Ferreira, eu sou especialista em diversidade, equidade e inclusão, Linkedin Top Voice e… queer .

Mas isso vocês provavelmente já sabiam.

O que vocês talvez não saibam é que, de acordo com dados recentes da Gallup Poll e do Instituto Ipsos, um em cada cinco jovens da Geração Z também se identificam como parte da comunidade LGBTQ+.

É isso mesmo: cerca de 20% dos jovens nascidos entre meados dos anos 90 e 2010 se identificam como gays, lésbicas, bissexuais, transgênero ou queer .

Isso significa que a Geração Z é provavelmente a Geração mais queer da história até o presente momento.

Em comparação, na geração Millennial, dos nascidos entre os anos 1980 e 1995, a prevalência de pessoas LGBTQ+ é de cerca de 10,5%. Quase a metade.

São muitos os fatores históricos e sociais que podem conduzir a compreensão desses números. E não, não se trata de uma “epidemia LGBTQ+”, como muitos conservadores insistem em afirmar.


Em comparação com seus pais e avós, os jovens da Geração Z cresceram com maior representatividade na mídia, que os permitiu compreender cada vez mais cedo sua orientação sexual ou identidade de gênero.

Além disso, a geração dos “nativos digitais” trouxe a possibilidade de se conectarem com uma comunidade global através da internet e das redes sociais, diminuindo o isolamento e a solidão que muitas vezes eram sinônimos de ser queer no passado.

A verdade é que, gostem ou não, nossa sociedade está em constante transformação. E, apesar dos muitos desafios, quando falamos sobre diversidade sexual e de gênero, as conquistas que a comunidade LGBTQ+ alcançou nas últimas décadas provam que o mundo já mudou.

E a Geração Z é um reflexo disso.

Tendo nascido em 1995, eu sou o que se chama de “Zillenial”, já que minha infância foi durante o período de transição entre os Millenials e a Geração Z.

Com o passar dos anos, eu testemunhei com meus próprios olhos o amadurecimento das discussões sobre diversidade, equidade e inclusão no espaço público e privado, incluindo importantes conquistas de direitos para a comunidade LGBTQ+ em nosso país, como o casamento homoafetivo, o direito à retificação de nome e gênero em cartórios por pessoas trans e a criminalização da homofobia e transfobia pelo Supremo Tribunal Federal.


É claro que ainda existem muitos desafios. Do conservadorismo global que persegue nossa comunidade aos obscenos números de violência que as pessoas trans, sobretudo negras e periféricas, enfrentam no Brasil.

Mas observar os dados que correlacionam as pautas de diversidade, equidade e inclusão e a Geração Z demonstra que sim, estamos no caminho certo.

O panorama de maior proteção aos nossos direitos não apenas pavimentou o reconhecimento de nossas identidades pelo Estado, mas impulsionou para que cada vez mais pessoas LGBTQ+ se sintam amparadas, seguras e protegidas para serem quem são.

E é por isso que discutir os encontros entre a Geração Z e a comunidade LGBTQ+ é um dos principais objetivos dessa coluna.

Para que todes nós nos lembremos que o progresso é o único caminho possível para nós, pessoas queer .

Afinal de contas, esse queer que aqui escreve jamais voltará para o armário, viu? E eu tenho certeza que você também não.

Bruno Ferreira

** Bruno Ferreira é estrategista de projetos de impacto social, especialista em diversidade e inclusão e Linkedin Top Voice. É uma liderança do It Gets Better, organização internacional focada no empoderamento da juventude LGBTQIAPN+ e produtor executivo do "Conversas Que Inspiram", premiado talk show sobre educação inclusiva.

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