Morreu na última segunda-feira (12) aos 78 anos Camille K, uma das travestis pioneiras na luta pelo reconhecimento e valorização da identidade trans no Brasil. Camille tinha como principal instrumento de luta a arte e começou sua carreira nos anos 1960 com apresentações no Teatro Rival, tradicional teatro de vanguarda do Rio de Janeiro comandado, na época, por Américo Leal.
Junto de Camille, outras travestis também encontraram no Teatro Rival um lugar seguro para suas apresentações. Elas representam a primeira geração de travestis artistas do país e, juntas, ganharam o título de "Divinas Divas".
As Divinas Divas
As artistas Rogéria, Jane Di Castro, Eloína dos Leopardos , Camille K, Divina Valéria, Fujika de Halliday, Marquesa e Brigitte de Búzios tiveram a oportunidade de contar suas histórias no documentário "Divinas Divas", de 2016, produzido pela atriz Leandra Leal, neta de Américo. A produção está disponível na plataforma de streaming "Netflix".
Leandra, que conviveu com as artistas ao longo dos anos graças ao avô, imortalizou a figura dessas lendas para o mundo por meio do filme, explorando suas experiências, alegrias e desafios como pioneiras na cena artística carioca.
Os números das artistas consistiam em reinterpretações e releituras de músicas de artistas famosos da época. A própria Camille K interpretava artisticamente as músicas da cantora Marlene, e Valéria, por exemplo, as músicas de Elizete Cardoso.
Cada uma delas, depois que passaram pelo Teatro Rival, seguiram suas carreiras como atrizes. Camille chegou a ser dirigida por Miguel Falabella, na década de 1990, nas peças "O Coração do Brasil" e "A Pequena Mártir de Cristo Rei".
Seu legado foi relembrado por Leandra no Instagram: “Eu serei sempre grata por ter tido a oportunidade de conviver e registrar um pouco da sua vida no meu primeiro filme 'Divinas Divas'. Aprendi muito com ela. Viva Camille K! Muito amor!”
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