“Eu sempre fui muito atrevido. Eu nunca deixei que me parassem”, conta Getúlio Abelha, em entrevista exclusiva ao iG Queer, ao ser questionado sobre sua infância e adolescência. “No colégio, a homofobia nunca foi motivo para me fazer chorar, pelo contrário, eu fazia várias narrativas, me vingava, criava tramas, conseguia fazer com que alguns alunos fossem suspensos [...] Cheguei várias vezes a ser cínico mesmo na diretoria.”
Ele continua: “Já tentaram me bater algumas vezes por causa das minhas reações, porque eu não baixava a cabeça, e as meninas sempre entravam no meio. Eu sempre fui corajoso nesse sentido.”
O cantor piauiense de forró iniciou conversa de forma irreverente — sendo fiel ao seu estilo. Em entrevista por vídeo, ele escolhia um lugar com sombra no Parque Ibirapuera, em São Paulo , enquanto utilizava um desses filtros animados que colocamos no rosto nas redes sociais.
Escolhida a árvore para apoio, o artista de 30 anos sentou no chão do parque e falou sobre sua carreira no forró, suas referências musicais e pessoais, e sobre refutar o título de "forró queer", além de exaltar a colega de gênero musical, Joelma (confira a declaração neste link).
Novo álbum
Após o aclamado "Marmota", lançado em 2018, Getúlio afirma que já deu início à produção do sucessor de seu debut.
Com o fim da era “Marmota”, encerrada na apresentação do cantor no festival Primavera Sound, no último sábado (2), os últimos meses de Getúlio têm sido dedicados a “entender o processo de elaborar um novo álbum”.
“Acho que esse novo álbum já está vindo com uma influência de eu estar vivendo aqui em São Paulo, mas também tem uma coisa de maturidade”, diz ele que se mudou para a capital paulista há cerca de um ano e meio, após viver por 10 anos no Ceará, antes de sair de sua terra natal.
“Eu vim para cá [SP] com 30 anos de idade e ao mesmo tempo vim pra cá. Essas duas coisas somam muito, então eu não sei até que ponto as novas propostas estéticas que eu vou trazer tem a ver com estar em São Paulo ou não”.
Ele acrescenta: “Acho que agora estou tentando começar algumas músicas com o forró vindo depois. Eu estou criando a partir de outros estilos e vou ‘embrulhar’ as músicas com forró. É um processo meio oposto do feito no ‘Marmota’.”
O artista ainda revela que faz questão de participar de forma intensa da produção de suas músicas. “Eu realmente mergulho em cada etapa dos instrumentos e do que vai acontecer sonoramente. Eu realmente pesquiso, experimento, vou e volto [...] Algo que eu tenho muito prazer e tesão em fazer é a pesquisa sonora”, afirma Getúlio, que dá mais um spoiler sobre seu segundo disco — mais especificamente sobre as letras.
“Nesse segundo álbum eu estou fazendo os instrumentais e as melodias antes mesmo de ter qualquer letra [...] “Eu não faço a mínima ideia do que eu vou escrever. Isso é o que está me deixando mais perturbado [...] A indústria está meio confusa, o mercado da música está meio complicado. Isso me faz pensar sobre o que eu quero falar nesse momento, já que eu não vou ficar falando mais sobre questões que eu acho que a gente já ultrapassou um pouco.”
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