Como muitos LGBTs, desde jovem, o humorista Esse Menino, 26 anos, sempre entendeu que não respondia às expectativas dos outros sobre sua sexualidade LGBTQIAPN+ , o que hoje ele aborda em seus shows de humor.
“No meu show eu falo muito sobre isso, sobre minha saída do armário. Eu tenho vários amigos que tiveram essa fase: ‘Ah! Eu namorei meninas’, ou, ‘Eu achei que eu era bissexual durante um tempo’. Eu nunca tive essa fase. Desde que eu me entendo por gente eu entendia que eu gostava de meninos”, diz o comediante em entrevista exclusiva ao iG Queer.
Embora não tivesse problemas com a sexualidade LGBT, o artista confessa que teve que se adequar à normativa porque entendeu muito cedo que ser gay não era algo positivo para a sociedade.
“Primeiro, eu descobri o que é a palavra gay, o que significava ser gay. Aí eu descobri que eu era isso. Depois eu descobri que ser isso não era legal. Então, eu descobri que ser isso me faria sofrer. Descobri que se você era isso, era melhor se esconder. Eu fui meio que nesse jogo. Fui vendo até onde dava.”
Esse Menino aproveita e conta como foi sua experiência de compartilhar com a família sua sexualidade LGBT+: “Eu me assumi muito novo para os meus pais, com 13 anos, eu não aguentei segurar muito. Tive uma rejeição bem difícil, mas para mim sempre muito claro.”
“Sempre entendi também que quem via problema nisso eram os outros. Eu não queria ser diferente, nunca pedi para mudar. Tenho amigos que já rezaram para virarem héteros. Eu não. Para mim sempre foi um problema das outras pessoas, e não meu.”
Depois de tornar pública sua sexualidade, um fenômeno que é exclusivo de pessoas LGBTs, Esse Menino relata que passou a lidar melhor com a LGBTfobia que sofria, especialmente na escola.
“No ensino médio eu sofria muito bullying, e foi mais ou menos nesse período que eu me assumi. Depois que falei, eu passei a não sofrer mais, porque as pessoas não tinham mais argumentos. Se me chamavam de gay, eu falava: ‘Aham, eu mesmo, a bichona, prazer!’ Eu fui usando humor a meu favor e a minha experiência começou a ser completamente diferente”, conta ele, que enfatiza: “Eu sempre gostei [de ser gay], sempre achei bafo.”
Uma bicha maquiada
Um dos diferenciais de Esse Menino para outros humoristas da atualidade é a forma como ele se expressa esteticamente, que está cada vez mais queer.
“Como o meu nome artístico, que pensei desde o início em uma coisa que não fosse exatamente eu, — que fosse uma persona —, a minha forma de se vestir e as maquiagens são muito nessa intenção, de poder fazer uma embalagem que seja diferente do que eu estou no dia a dia”, conta o humorista.
Ele avalia que essa escolha vai em uma direção contrária a que vem sendo valorizada hoje em dia, mas que de qualquer forma, ele aposta no risco.
“Existe um movimento na comédia que tudo tem que ser mais simples, mais simplificado. A maioria dos humoristas se vestem de jeans e chinelo. Eu pensei: ‘É muito a minha cara vir fazendo exatamente o contrário disso.”
“Eu já tenho uma afinidade com moda muito grande, eu já conheço quem faz os figurinos e tudo. Então não tem porquê eu não usar. Sempre foi muito a minha intenção também”, completa.
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