O soldado Carlos Bahia dos Santos, 31, da PM (Polícia Militar) do Maranhão, morreu na quinta-feira (10) após 13 dias internado em UTI. Ele havia tentado suicídio no último dia 29 de julho após denunciar ter sido vítima de agressão e homofobia por parte de colegas militares de Açailândia (MA).
Segundo as entidades que acompanham o caso, o militar teve duas paradas cardíacas na madrugada e morreu às 6h38.
"Depressão não é frescura", escreveu o soldado em uma mensagem endereçada ao seu superior pouco antes da tentativa de suicídio. "Diga também a ele que o seu pedido de perdão não deve ser direcionado a Deus, mas sim às suas vítimas. Fui esquecido pelos meus irmãos”.
Segundo o UOL, entidades que acompanham o caso apontam cinco possíveis crimes: para a Rede de Cidadania de Açailândia, além dos crimes de lesão corporal, injúria (homofobia) e abuso de poder, denunciados pelo militar, os PMs ainda devem ser denunciados por tortura e incitação ao suicídio.
O PM denunciou em junho que foi vítima de homofobia e agressão praticadas por colegas militares superiores. E afirmou que não houve resposta efetiva do comando para protegê-lo, segundo o boletim de ocorrência.
Além disso, o soldado teve a casa invadida por integrantes do 26º Batalhão da PM e foi detido, entre a noite do dia 26 e a madrugada de 27 de junho. Conforme o relato, os militares chegaram em uma viatura com a sirene ligada por volta das 23h30.
Carlos afirma que seus colegas PMs disseram que ele estava preso porque havia abandonado o posto de serviço. O soldado explicou que deixou o batalhão (como fez outro colega) porque o local estava abrigando outros militares e servidores do Ibama, e que por isso não haveria local para alojar a todos.
Ele foi arrastado e levado para fora de casa, quando estava apenas de toalha. Mesmo não tendo reagido, a agressão deixou o braço do militar com hematomas.
No dia, a casa de Carlos ainda foi inteiramente revistada, momento em que ele ouviu ofensas homofóbicas. Um policial que estava na equipe disse que ele teria deixado o trabalho porque estava indo ao encontro de seu companheiro ou "de outro macho".
Segundo a defesa de Carlos, o advogado Marlon Reis, o soldado já vinha sofrendo "uma série de abusos e assédio moral" antes de ter a casa invadida.
O militar procurou o MP (Ministério Público) do Maranhão e denunciou o caso; mas como a homofobia teria continuado, com a omissão das autoridades, ele relatou um quadro de depressão.
O caso está sendo investigado pela polícia e pelo MP (Ministério Público) do Maranhão.
O governo do Maranhão informou, em nota, que a PM já fez uma "troca de comando no Batalhão de Açailândia" e o novo chefe será o "responsável pela condução do procedimento administrativo aberto para apurar as responsabilidades".
“A PM destaca que atua dentro dos princípios e normas delineados na Constituição Federal e de acordo com os entendimentos adotados pelo Supremo Tribunal Federal e não coaduna com qualquer prática de intolerância, visto que a discriminação, seja racial, de gênero, religiosa ou por orientação sexual, não faz parte dos valores adotados pela corporação”.
Em nota, o MP declarou que "está investigando o caso e que, ao final da apuração, tomará as providências necessárias".
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