Bruna Linzmeyer falou abertamente sobre sexualidade, relacionamentos “hétero compulsórios” e da sensação de se libertar, vivendo e aceitando a própria identidade LGBTQIAP+.
No Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, celebrado nesta segunda-feira (29), em depoimento publicado pela Vogue, a atriz que havia se relacionado com homens cis até os 22 anos, contou que as primeiras relações que teve com mulheres foram mágicas e fizeram com que ela se visse de um outro jeito, além de a simples convivência com mulheres, especialmente queers, a fazem gostar mais de si mesma.
Linzmeyer relembra do primeiro namoro com uma mulher e de como se surpreendeu ao ver a relação exposta em um jornal, a definindo como bissexual. “Foi tudo muito difícil, mas firmei bem os pés no chão e peitei um mundo muito mais despreparado pra lidar com isso do que o de hoje. Mas eu tava tão feliz comigo mesma, que nada me abalava”, disse.
Segundo ela, ao rever aquela mesma matéria de jornal, o mais difícil foi ver sua identidade definida como bissexual. “Por que bissexual? Por que eu fui casada com um homem cis antes de começar a namorar mulheres? Até hoje, muitas pessoas se confundem dizendo que sou bi ou panssexual, só porque eu já me relacionei com homens”, questionou.
A atriz cita o termo cunhado pela filósofa Adrianne Rich, durante os anos 1980, chamado “Heterossexualidade Compulsória”, nos qual pessoas LGBTQIAP+ são levadas a viver vidas hetero normativas, sem pensarem nos próprios desejos, muitas vezes sem ao menos entenderem o que sentem e sobre quem verdadeiramente são, só porque “todo mundo está fazendo”.
“E se todo mundo faz, e se nos livros, filmes, propagandas e novelas também só tem casais hétero, como é possível existir outra coisa? E mesmo se você entende que existe, você se depara com tanto terror e medo que constroem em cima dessas sexualidades dissidentes... ‘Você vai ser expulso de casa, vai sofrer, vai perder o emprego, vai sofrer estupro corretivo, vai apanhar na rua.’”, disse.
Bruna comenta sobre o irmão, que viveu em um casamento heterossexual por 11 anos e se separou para viver com um homem. O irmão foi definido socialmente como gay, enquanto ela foi classificada como “bissexual”.
“Pareceu claro muito rapidamente pra todo mundo que ele era gay. Por que eu era bi e ele era gay? Será que a nossa sociedade valoriza e reconhece muito mais as relações que têm falos?”, questionou a atriz, que afirmou se definir como sapatão/queer.
“E sou sapatão com muito orgulho, e me considero queer também. Entendo minha identidade-sexualidade como sapatão-queer. Queer significa ‘estranho’/‘anormal’ em inglês. É uma das formas que ainda tentam me ofender, me xingam ‘você é anormal’. E quem disse que eu quero ser normal?”
Por fim, a atriz relembrou sobre a importância de datas focadas em visibilidade para que vozes sejam ouvidas e para comemorar os próprios amores e de outras mulheres lésbicas que lutaram no passado para que isso fosse conquistado.
“Há muitas pautas pulsantes na comunidade lésbica/sapatão, penso aqui em algumas: saúde sexual; maternidade; relacionamentos abusivos entre mulheres; reconhecimento e acolhimento de pessoas trans não binárias, homens e mulheres trans em espaços sapatão; o feminismo não tratar questões lésbicas e queers como menos importantes; questões raciais, capacitistas, etárias. E também representatividade audiovisual nacional! Cadê as séries sapatão? Cadê as novelas lgbtqiap+?”, completou.
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