Erika Hilton (Psol) e Natasha Ferreira (Psol), vereadoras transexuais e candidatas à Câmara dos Deputados, denunciaram à polícia novas ameaças de morte que, segundo elas, chegaram por e-mail anônimo para as lideranças do partido na câmaras municipais de São Paulo e Porto Alegre, nesta última quinta-feira.
Na semana passada, a coluna do Lauro Jardim revelou que as vereadoras entraram com denúncia no Ministério Público contra o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), por ter associado a disseminação da varíola dos macacos à comunidade LGBTQIAP+, durante sua participação no podcast Flow . De acordo com as parlamentares, o correio eletrônico seria uma resposta à iniciativa da formalização da denúncia: "Quer dizer que vocês denunciaram o nosso capitão, o Messias", diz trecho da ameaça enviada. O caso foi registrado na Delegacia de Combate à Intolerância de Porto Alegre nesta segunda-feira.
O e-mail foi endereçado aos líderes da bancada do Psol, Matheus Gomes e Karen Santos, ambos de Porto Alegre, e Erica Malunguinho, de São Paulo, com o título: "Recado para os vereadores Erika Hilton e Natasha Ferreira". Nele, as duas são chamadas por nomes ofensivos, citam a denúncia ao MP e repetem a fake news de uma pesquisa associando a doença aos homossexuais.
Em relação a vida das parlamentares, a mensagem enfatiza: "Se vocês dois não abandonarem a vida pública, vamos matar vocês com uma bomba, explodir suas casas". Eles também pedem que as duas façam como a deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL-SP), que desistiu da corrida à Câmara na semana passada. Ao GLOBO, Natasha afirmou que não cederá às pressões externas.
"Já fui ameaçada em 2018, quando fui candidata a deputada, em 2020, quando concorri como vereadora, e em 2021, quando assumi meu mandato. Desta vez, eles dizem que sabem onde moramos, tem um tom mais direto. Enfrentamos violência demais na vida, não vai ser uma ameaça que nos fará parar de lutar", afirmou a candidata a deputada federal
Denúncia ao MP
Após a participação de Jair Bolsonaro no Flow Podcast na segunda-feira (8), as vereadoras denunciaram ao Ministério Público as falas que consideraram homofóbicas do presidente. Na representação, elas citaram ainda que o presidente é reincidente em casos de homofobia.
"O mundo inteiro está preocupado com a epidemia de monkeypox e está se mobilizando para encontrar políticas concretas de combate à doença. Infelizmente, o presidente do Brasil mais uma vez se coloca na contramão da lógica e da ciência, exatamente como foi com a covid-19", disse Erika Hilton.
A assessoria do presidente Jair Bolsonaro foi procurada e o espaço permanece aberto para futuras manifestações.
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