A Parada do Orgulho LGBTQIA+ reuniu quase 3 milhões de pessoas em São Paulo
Edson Lopes Jr/Prefeitura de São Paulo - 19.jun.2022
A Parada do Orgulho LGBTQIA+ reuniu quase 3 milhões de pessoas em São Paulo

A Parada do Orgulho LGBTQIA+ de São Paulo é considerada há alguns anos como a maior celebração da comunidade em todo o mundo e o vereador Arselino Tatto (PT-SP) entrou com um projeto de lei na Câmara Municipal de São Paulo para trocar o nome da Praça Marechal Cordeiro de Farias para Praça Parada do Orgulho LGBTQIA+. 

O parlamentar apresentou o Projeto de Lei nº 381/2022 no início deste mês, proposta que está fundamentada na própria trajetória do Marechal Cordeiro de Farias, que esteve envolvido em cargos de comando nas intervenções e golpes militares desde 1922, das revoltas tenentistas até o golpe de 1964, no qual colaborou.

Em sua história, o militar participou ativamente de golpes em 1930, 1932 e 1935, além de ter se envolvido na conspiração que objetivava impedir a posse de João Goulart. Além disso, contribuiu para o rompimento da democracia que levou o Brasil a mais de 20 anos de ditadura marcada por graves violações de direitos humanos.

"Além de homenagear um dos maiores eventos da capital paulista, minha intenção com esse projeto é mostrar que vivemos um momento de reafirmação da democracia, de respeito à diversidade, à pluralidade e às diferenças, não há mais espaço para homenagens a militares, generais, marechais ou qualquer pessoa que no passado tenha ameaçado o processo democrático ou que contribuiu de alguma forma para a ditadura que torturou e matou tanta gente", defendeu o autor do projeto.

Em 2013, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou mudanças na Lei 14.454 que permitem a alteração da denominação de vias e logradouros públicos de autoridades que violaram os direitos humanos. Com base nessa lei, em 2021, o vereador Tatto conseguiu substituir o nome do Doutor Sérgio Fleury, em uma via na Vila Leopoldina, para Frei Tito. Este homenageado fazia parte de um grupo de resistência à ditadura militar, por isso, passou a ser perseguido, foi torturado e cometeu suicídio em 1974. Sérgio Fleury foi apontado como um dos seus principais torturadores.

Cláudia Garcia, presidenta da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOLGBT-SP), salienta que a Parada já faz parte do calendário oficial da cidade e é uma das maiores e mais importantes manifestações que celebram a diversidade no mundo. Para ela, o evento reflete positivamente na imagem da cidade, na economia e no turismo, gerando renda para milhares de pessoas.

"Nos sentimos honrados com essa homenagem que vai muito além da Parada, pois representa todos os movimentos sociais que também ocupam o mesmo espaço público para dar visibilidade às suas lutas por direitos", comenta.

Para o vereador, substituir o nome do marechal é simbólico e reflete o compromisso da cidade de São Paulo com as lutas por direitos humanos, sai o nome de um ditador para dar espaço ao que representa liberdade de escolha, respeito e diversidade.

"A Avenida Paulista é o berço da parada, como pode abrigar uma praça que traz o nome de um general que atacou a nossa democracia? Meu projeto vem corrigir esse absurdo”, discorreu o vereador.

A Parada do Orgulho LGBTQIA+ expressa a luta contra homofobia, sua primeira edição contou com duas mil pessoas e a última, em 2019, antes da pandemia, teve 3 milhões de participantes. Além de ser uma celebração identitária e de denúncia da perseguição e violência contra a população LGBTQIA+, o evento é o que mais atrai turistas à cidade, em 2019 movimentou R$ 403 milhões na economia, segundo levantamento realizado pelo Observatório da Secretaria Municipal de Turismo.

Carros alegóricos passam entre a multidão na Parada do Orgulho LGBTQIA+ em São Paulo
Edson Lopes Jr/Prefeitura de São Paulo - 19.jun.2022
Carros alegóricos passam entre a multidão na Parada do Orgulho LGBTQIA+ em São Paulo

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