A Casa Nem, uma das primeiras casas de acolhimento a pessoas LGBTQIA+ do Brasil, pode encerrar suas atividades nos próximos meses caso não atinja a meta atual de doações. Localizada no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro, a casa acolhe 30 moradores LGBT e dá amparo para pessoas em situação de rua ou vulnerabilidade por meio de projetos sociais.
A Casa Nem é administrada inteiramente por pessoas trans e foca no atendimento a pessoas pretas e indígenas. O projeto foi fundado em 2016 como um projeto de pré-vestibular para preparar pessoas transvestigêneres, idealizado por Indianarae Siqueira. No entanto, foi reformulado para atender a população que havia sido expulsa de casa por familiares ou que viviam em condições precárias.
Além do acolhimento, a Casa Nem promove oficinas, cursos, debates, shows e festas para amparar e empoderar o público LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade social. Além do cursinho pré-vestibular comunitário, são oferecidas atividades focadas em cultura e autonomia, como o projeto idealizado por Paola Carosella, Kuzinhanem, que capacita travestis, homens trans e mulheres para trabalharem como assistentes de cozinha; e o Costuranem, que prepara as pessoas acolhidas para a fabricação de peças exclusivas. Há ainda distribuição de alimentos e roupas para pessoas em situação de rua.
"As iniciativas são parte de uma estratégia mais ampla para promover oportunidade para que todes possam ter acesso a um trabalho, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade", afirma o material informativo sobre a casa, disponível no site de financiamento coletivo Evoe, por onde é possível realizar doações mensais.
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Atualmente, a Casa Nem oferece mensalmente R$14.378,34, valor que é direcionado para custear infraestrutura, higiene e limpeza, logística e produção, alimentação e administração. Valores extras, quando existem, são usados para expandir a rede de ações de amparo e capacitação. No entanto, o projeto precisa de, ao menos, mais de R$8 mil mensais para continuar funcionando.
Além de pedir ajuda, a Casa Nem também criticou a falta de patrocínios em outros meses que não o mês de julho, que simboliza o Mês do Orgulho LGBTQIA+. "Não existimos só no mês do orgulho, não comemos só no mês do orgulho, nossa luta é feita o ano inteiro. Estamos correndo risco de ter que encerrar nossas atividades por falta de recursos, e precisamos que vocês nos vejam e nos ajudem agora. Acolhemos dezenas de vidas LGBTQIAP+ pretas e indígenas, dando alimentação e direitos mínimos para esses corpos, e tudo isso pode acabar a qualquer momento se não tivermos ajuda", escreve o perfil da Casa Nem.
As doações podem ser realizadas em evoe.cc/casanem , em valores mensais de R$20 a R$100, ou pelo PIX [email protected].