Chris Ferguson
Reprodução/Chris Ferguson
Chris Ferguson

Chris Ferguson, ex-médico da Marinha Real, foi demitido do exército em 1982 por ser gay e contou sobre essa experiência ao Good Morning Scotland, da BBC Radio. De acordo com ele, militares e mulheres LGBT foram “tratados de forma vergonhosa” e pediu que eles recebessem reparações por isso. Chris conta que, até 1995, “nós tínhamos homens gays na prisão por serem gays”.

Atualmente, Ferguson tem 61 anos. Ele estava na Marinha fazia três anos e também estudava no exército quando disseram que um grupo da investigação especial “estava indo para me investigar. Eu soube exatamente o que era – foi aterorizante”. Ele conta que revistaram os as coisas que tinha e o levaram para um centro de detenção onde foi “interrogado por vários dias e fizeram as perguntas mais pessoas” sobre a vida sexual dele.  “Eu tinha apenas 22 anos na época”, diz. “Só entrei com 19, quando não sabia o que era ser gay. Eu estava apenas descobrindo quem eu era, percebendo que eu era gay”. 

Chris explica que não teve acesso a um advogado em nenhum momento, além de ter sido mantido em celas. Em uma tarde de sexta-feira, ele foi informado de que o julgamento seria na segunda-feira seguinte. Ele se declarou culpado porque “caso contrário, tinha uma boa chance de ficar nas celas”, além de ser demitido. “Em todo o processo, não me foi permitido dizer uma única palavra e nenhum direito de apelação”, explica. 

No dia da demissão em si, Chris diz: “Acordei de manhã em uma cama quentinha, com algo para comer, refeições. À tarde eu estava nas ruas sem-teto, sem cama, sem comida”. Ele acrescenta ainda que a família não aceitou e Chris pensou em tirar a própria vida. Ele ficou desabrigado e em certo ponto acabou dormindo em um parque. “Eu nem tinha amigos - todos os meus amigos estavam na Marinha e essas portas estavam firmemente fechadas para mim”, conta.

Até o ano 2000, era ilegal ser gay nas Forças Armadas britânicas. A lei foi modificada depois que quatro militares foram demitidos devido à sexualidade e ganharam um caso no Tribunal Europeu de Direitos Humanos. Antes disso, pessoas LGBT das Forças Armadas eram encaminhadas para prisão se a sexualidade ou identidade de gênero fosse descoberta pelos chefes. A mudança na forma como os militares lidam com sexualidades que fogem da cis-hétero normatividade aconteceu 33 anos depois que a homossexualidade foi descriminilizada entre adultos com mais de 21 anos.

Uma revisão dessas normas está sendo feita e anali três áreas principais: impacto potencial que a proibição pode ter nos veteranos LGBT+, incluindo as consequências para as vidas futuras, acessibilidade dos serviços de veteranos para pessoas LGBT+ e arantir que os veteranos LGBT+ sejam reconhecidos e totalmente aceitos como membros das forças armadas. Um porta-voz do Ministério da Defesa declarou que maiores detalhes serão definidos no “momento oportuno”. Leo Docherty, ministro dos veteranos, disse: “Embora os militares modernos abracem a comunidade LGBT, é importante que aprendamos com as experiências dos veteranos LGBT que foram afetados pela proibição anterior a 2000. Esta revisão permitirá que as vozes dos veteranos sejam ouvidas e, o mais importante, nos ajudará a adaptar melhor o suporte à comunidade”.

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