Como Sex Education fala sobre a educação sexual de forma leve e inteligente
Reprodução / Netflix
Como Sex Education fala sobre a educação sexual de forma leve e inteligente

Em 2019, a Netflix disponibilizou no catálogo a série britânica Sex Education e, desde então, a série tem chamado a atenção do público por abordar diversos temas relacionados ao sexo e à educação sexual. Tendo como plano de fundo uma escola do Ensino Médio, ela percorre a vida de diferentes adolescentes, que passam por questões comuns à idade como a descoberta da própria sexualidade, dúvidas e inseguranças acerca dos sentimentos e desejos. Sex Education apresenta uma representatividade expressiva, já que um dos personagens principais, Eric (Ncuti Gateway), é um adolecente gay. Há também personagens pansexuais e assexuais, com tramas contadas com humor e sensibilidade. 

O que mais atraiu o público para assistir à série, no entanto, foi a forma leve e responsável com que trata a educação sexual na adolescência. De acordo com a sexológa clínica Lelah Monteiro, todos os tabus criados em torno do sexo podem causar inúmeros problemas na vida de uma pessoa. “Quando o sexo é tabu, muitas vezes a pessoa nem permite ter o desejo. Isso acarreta na dificuldade de chegar ao orgasmo, dificuldade em ter relações inteiras, porque não se conversa sobre sexo. A sua fantasia pode ser totalmente diferente do seu par, então a falta da educação sexual implica na pessoa ter dificuldade dela para com o corpo, para com a sociedade e para relacionamentos saudáveis e prazerosos”, explica. 


O protagonista de Sex Education é Otis (Asa Butterfield) jovem tímido e reprimido de 16 anos, que sofre para aceitar os próprios desejos sexuais. A mãe do adolescente, Jean (Gillian Anderson) é uma terapeuta sexual, o que faz com que o jovem tenha adquirido diversas informações sobre o psicológico humano. Após auxiliar um colega em um problema sexual, Otis, reunido com Maeve (Emma Mackey), resolve abrir uma clínica no colégio, com o objetivo de atender os alunos que tivessem dúvidas em relação à vida sexual. 

Para Lelah, as escolas são o primeiro local para se discutir educação sexual. “É importante para evitar o assédio, o abuso, a questão do conhecimento do corpo, é uma medida protetiva mesmo. A questão pode ser discutida na matéria de Ciências, por exemplo. A melhor idade para iniciar a educação sexual é durante a puberdade, fase em que começam as mudanças corporais nos indivíduos, quando começam as dúvidas sobre o sexo”, pontua. 

Ela ainda salienta que é na adolescência que os hormônios estão aflorados, quando o corpo começa a se modificar fisiologicamente e psicologicamente. Por isso, é preciso dialogar com os jovens de forma leve, sem julgamentos, respondendo as questões que possam surgir, pois elas são muito individuais.  

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Apesar de se tratar de uma obra de ficção, Sex Education traz à tona esses temas de forma leve, mas que gera reflexão. “Filmes e seriados não precisam ter uma abordagem científica e educacional. Acho que a série traz principalmente um pano de fundo, uma forma interessante da gente discutir sobre sexo. De um jeito lúdico, trouxe pontos importantes pra gente dar continuidade ao assunto”, diz. 

Sex Education: Um Guia Para a Vida

Como Sex Education fala sobre a educação sexual de forma leve e inteligente
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Como Sex Education fala sobre a educação sexual de forma leve e inteligente


Nesta segunda-feira (8) a editora Galera Record lançou um livro derivado de Sex Education, com dicas sobre sexo e relacionamentos. Com uma narrativa acessível e feita para os jovens, a obra explica abertamente sobre anatomia, amizades, consentimento, masturbação, além de discutir detalhadamente sobre as diversas identidades de gênero. 

A perda da virgindade, fantasias sexuais, auto aceitação, métodos contraceptivos, como se prevenir de DSTs e ISTs, são os demais temas que o livro discute. O prefácio de “Sex Education: Um Guia Para Vida”, foi escrito por Laurie Nunn, criadora da série.

 “Minhas lembranças sobre educação sexual e relacionamento no ensino médio basicamente giram em torno de medo e vergonha. Eu recebi zero informações sobre o meu corpo, minha sexualidade, meu desejo, e ainda menos sobre as vontades e desejos de pessoas com identidades diferentes da minha. É muito gratificante testemunhar as conversas sobre consenso, questões LGBTQIA+ e prazer feminino que a série vem provocando”, relata.

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