Entre as práticas sexuais mais comuns no meio LGBTQIAP+, especialmente entre homens cis gays, o fisting se destaca pelo penetrativo envolvendo a mão e prolongando-se até a altura do punho e início do braço. Alguns aplicam a prática sobre si mesmos, mas também é realizada entre pares.
O fisting tornou-se tão popular no meio sexual que no pornô existe um gênero chamado “fist fuck” -- bastante consumido. Na plataforma Sexy Hot, por exemplo, foi criada a pedido dos usuários uma categoria específica para fisting com vídeos relacionados à prática que já eram bastante populares. De acordo com a plataforma, o termo “fisting” teve mais de 37% de procura em 2020 do que “Carnaval”.
A popularidade é tamanha que na França existem locais voltados para agradar os praticantes de fisting, como o hotel La Fistinière, na comuna de Assigny. O empreendimento é totalmente ambientado para que os praticantes sintam-se mais à vontade, relaxados e inspirados.
Apesar da premissa simples, há tópicos acerca do assunto que merecem atenção, pois realizar uma penetração que foge dos padrões de dedos e pênis pode causar consequências à saúde do ânus.
A sexóloga Juli Yume, da INTT Produtos Sensuais, explica que, por mais que a prática seja popularizada pelo uso da mão, punho e braço de quem está envolvido no ato, é mais seguro utilizar acessórios adequados.
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“Cada um tem um tamanho de orifício, então qual o tamanho da mão para a meta final de dilatação? É melhor realizar com acessórios adequados (plugs e consolos), afinal utilizando a própria mão podem ocorrer imprevistos. Muitas vezes o ângulo da mão e o próprio tamanho dela não são favoráveis para esse início, e não dá para inserir qualquer objeto. Pense que seus orifícios absorvem substâncias e um objeto aleatório pode machucar e possuir substâncias invisíveis, como metal, tinta, etc”, elucida.
Para que a prática se desenvolva da maneira mais segura e confortável, a sexóloga elaborou um passo a passo básico tanto para quem já é adepto ao fisting há algum tempo quanto para quem nunca praticou porém deseja experimentar.
- Introduza o acessório escolhido na pessoa já lubrificada (com lubrificantes à base de água)
- Deixe o acessório repousado por alguns instantes, até que o parceiro se habitue e esteja confortável
- Insira outro objeto maior, tanto em comprimento quanto em diâmetro (uma boa opção são os acessórios infláveis)
- Durante a prática, pode-se utilizar luvas de látex (como luvas médicas) ou camisinha
- O ideal é que as unhas estejam cortadas e as mãos, cuidadas (em muitos casos, é melhor utilizar a luva)
Ainda sobre os acessórios que podem ser utilizados, Juli comenta que existem alguns que são voltados justamente para a prática do fisting, muito embora a maioria dos praticantes prefira sentir a mão real. “Pode-se utilizar o‘fist’ de sex shop para ajudar a dilatar, mas acredito muito que quem está inserindo a mão gosta de sentir as contrações e reações da pessoa ‘passiva’. A prótese em forma de mão, no entanto, é um acessório que ajuda muito no processo de dilatação”, explica.
Em termos de prazer, a sexóloga destaca a conexão entre os praticantes, quando o fisting é realizado em pares. Além disso, para quem recebe a prática, a sensação de preenchimento e dilatação do ânus são as principais fontes de prazer durante o ato, embora a dor também possa ser estimulante para algumas pessoas.
“Para quem consegue fazer a dilatação total e receber a mão é gerada uma sensação de preenchimento total. Por meio do tato e controle que a pessoa tem na mão, ela consegue fazer movimentos precisos dentro da cavidade que são extremamente prazerosos para o ‘fistado’, diferente de se receber um acessório. Para algumas pessoas, a dor causada é prazerosa também, lembrando que há sim desconforto na fase de dilatação. Para outras, a dilatação gradativa faz com que não haja dor e seja apenas prazer”, explica ela.
As possíveis consequências
Quando praticado sem o devido cuidado ou com alta frequência, o fisting pode causar danos na saúde do ânus. A sexóloga Lelah Monteiro explica que o alargamento do músculo em grande escala ou de modo inadequado causa, entre outras consequências, danos no esfíncter.
“Ocorre a danificação do esfíncter interno, uma região que controla a saída das fezes e permanece contraída na maior parte do tempo. Ele [o esfíncter] relaxa apenas quando o indivíduo defeca. Quando o fisting é realizado de maneira repetitiva e sem cuidados, principalmente a seco, pode prejudicar esse sistema. Não é uma prática recomendada do ponto de vista médico devido à possibilidade da pessoa evoluir para incontinência fecal e flatulência, então a saída dessas substâncias quando o intestino estiver cheio não é mais controlada. Lembrando que a maneira segura de realizar o fisting é com muito gel lubrificante, com a pessoa sempre relaxada e a introdução delicada da mão ou do acessório no ânus”, finaliza.