Os seios podem ser um motivo de desconforto para algumas pessoas (transexuais ou não), assim como o caimento de roupas que marcam os peitos. A prática de binding -- prender as mamas para oculta-las -- pode aliviar o incômodo e a disforia de gênero. O uso de binders é comum entre homens trans , pessoas não-binárias e algumas mulheres cisgêneros que buscam por um peito lisinho. No entanto, nem todas as pessoas trans ou não binárias usam.
Como é uma faixa que faz pressão na região peitoral, é necessário tomar alguns cuidados. A ginecologista Ana Thais Vargas, da clínica social da Casa 1, centro cultural e de acolhida para a população LGBTQIA+ em São Paulo, dá dicas de como usar o binderda forma correta e, assim, evitar ferimentos ou até lesões mais graves.
Tipos de binding
No mercado, é possível encontrar dois modelos de binder: a faixa e o colete. A escolha depende de cada pessoa. Na hora de comprar, é possível medir o busto e o tórax para ver qual tamanho serve melhor.
Existem pessoas que fazem o binding de modo caseiro, prendendo os seios com fita adesiva ou plástico-filme. Entretanto, Vargas não recomenda. “O uso de fitas adesivas devem ser próprias para a pele dessa região, porque mesmo o esparadrapo e o micropore podem causar ferimentos na sensível pele do mamilo e dos seios. O plástico-filme não deixa transpirar a pele e é um risco para infecção de fungo”, conta.
Vargas explica que os tops e sutiãs esportivos, coletes pós-cirúrgicos e as bandagens elásticas podem ser usados como alternativa para o binder. “A faixa para fazer atadura é uma boa opção, o problema é que ao longo do dia vai laceando”, diz.
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Como colocar o binder
Vargas explica que o Binder tem que ficar firme no corpo, entretanto não pode ficar muito apertado a ponto de machucar ou dificultar a respiração. “O posicionamento dos seios é indiferente, vai depender da maneira que ficar mais confortável e visualmente melhor para quem está usando, desde que ele não fique muito apertado”, explica.
A TranStore, loja que vende binders no Brasil, aconselha a colocar o binder bem rente às axilas e fechar ele de cima para baixo. Caso seja difícil de fechar, a dica é colocar deitado.
Se sentir alguma dor, é importante consultar um médico.
Dicas para usar binder de forma correta
Não utilize o binder por mais de 12 horas diárias. Vargas explica que o ideal é que não durma com ele. “Ele aperta o tórax e durante o sono, para que o diafragma expanda e ocorra uma boa oxigenação, é importante tirá-lo”, diz.
Encontre o tamanho ideal e certifique-se de que ele serve bem, sem ficar muito apertado. O binder não deve restringir a respiração, causar dor ou cortes na pele. Procure também por tecidos que deixem a pele respirar.
Vargas explica que pode-se utilizar o binder para fazer exercício físico. Entretanto é importante lavá-lo com regularidade e deixar secar bem. É interessante ter mais que um, para ir revezando.
Riscos e efeitos colaterais de usar binders
Segundo Vargas, se usado corretamente, não existe malefício para a saúde. “O risco é usar muito apertado, por muitas horas ou ter um só binder”, diz.
Um perigo comum é o aparecimento de problemas de pele, como sensibilidade, cicatrizes, inchaço, coceira, manchas, descamação e infecções. “O acúmulo do suor e a fricção do tecido na pele pode causar uma ferida e infeccionar por bactérias e por fungos”, comenta. Por isso, a dica é lavar e secar bem o binder e fazer pausas entre os bindings.
Apesar de ser discutido se o uso de binder a longo prazo pode prejudicar o resultado de uma mastectomia no futuro, Vargas nega. “O uso de binder não vai prejudicar a cirurgia em si, mas se houver ferimentos do uso, a pele ficará marcada”, explica.