Famoso por protagonizar o filme Juno, Elliot Page é capa da nova edição da revista Time. Ele é o primeiro homem trans na capa da publicação. Nela, ele deu a primeira entrevista falando sobre a transexualidade, assumida publicamente em dezembro de 2020.
Para a revista, ele disse que sofria de depressão por não falar ao mundo quem verdadeiramente era e relatou a experiência com a cirurgia de retirada de seios. De acordo com a Time, na época em que ele assumiu a transexualidade publicamente, Page estava se recuperando da cirurgia em Toronto, Canadá.
Como muitas pessoas trans, Page enfatizou que o processo não se trata apenas da estética. Para algumas pessoas, é desnecessário, para outros, inacessível. Mas para o ator, foi algo possível e que se tornou algo que o ajuda a se reconhecer quando se olha no espelho, proporcionando a catarse que esperava desde a adolescência.
"Isso transformou completamente minha vida", diz ele. Em grande parte da vida ele se sentiu desconfortável com o corpo e agora tem a energia de volta. O ator também revelou que chegou a sofrer em alguns trabalhos, até por conta dos figurinos femininos.
Elliot exemplificou com a época em que sofreu depressão, ansiedade e teve ataques de pânico durante as gravações de X-Men 3: O Confronto Final.
Ele fazia o papel de Kitty Pryde. O ator não sabia "como explicar às pessoas que, embora [eu fosse] um ator, apenas vestir um corte de camiseta para uma mulher me deixaria tão mal". Page ouvia que tinha roupas muito legais e pensava: "Não sou eu. Parece uma fantasia".
Transexualidade em público
Elliot explicou que quando assumiu a transexualidade, imaginou receber ataques na internet. O que ele não previa é que se tornaria um dos símbolos de representatividade trans mais famosos do mundo.
No mesmo dia, ele ganhou 400 mil seguidores no Instagram e teve repercussão da coragem de falar abertamente sobre sexualidade. Ele não deixou de receber hate, mas teve muito apoio da comunidade LGBTQI+ e de diretores de elenco, que entraram em contato com o empresário de Elliot dizendo que seria uma honra escalá-lo nas próximas produções.
"O que eu esperava era muito apoio, amor e uma enorme quantidade de ódio e transfobia. Isso é essencialmente o que aconteceu", contou.
Apesar do apoio, Page afirma que é preciso caminhar muito no quesito inclusão dentro de Hollywood. Em um discurso em uma conferência de Campanha de Direitos Humanos, ele falou sobre fazer parte de uma indústria “que impõe padrões esmagadores” aos atores e também os espectadores.
“Existem estereótipos generalizados sobre masculinidade e feminilidade que definem como todos devemos agir, nos vestir e falar, e eles não servem a ninguém."