Amarelo, branco, roxo e preto são as cores da bandeira não-binário
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Amarelo, branco, roxo e preto são as cores da bandeira não-binário


Olá! Sejam bem-vindes a mais uma edição da minha coluna no iG Queer .

Meu nome é Bruno Ferreira, eu sou especialista em diversidade, equidade e inclusão, Linkedin Top Voice e... eu entendo porque muitas pessoas atacam a linguagem neutra .

Mas vamos começar pelo básico.

A menos que você tenha estado desconectado nos últimos cinco anos, é provável
que já tenha se deparado com publicações em redes sociais, campanhas de
marketing ou discursos políticos que adotam expressões neutras em relação ao
gênero, como "todes".

Essas expressões fazem parte do que chamamos de "neolinguagem", que, entre
outros objetivos, busca estabelecer um vocabulário mais inclusivo para pessoas
não-binárias, ou seja, aquelas que não se identificam como homens ou mulheres.

Mas não é só isso: a  linguagem neutra também é uma ferramenta para combater o sexismo gramatical, especialmente ao ajudar a reduzir o impacto do uso genérico do masculino, que é a norma no português.

Foi o bastante para os setores mais conservadores selecionarem a linguagem neutra como uma ameaça e um pilar da campanha anti-trans que existe no país.

Desde 2019, pelo menos 58 projetos de lei tentaram proibir o uso da linguagem
neutra em escolas e documentos oficiais. Além disso, o combate ao seu uso foi
considerado uma prioridade pelo recém-eleito presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, Nikolas Ferreira (PL-MG).

Claro que aprovar uma lei nesse sentido não teria nenhum impacto na redução da
enorme evasão escolar existente no país ou na vulnerabilidade enfrentada por
estudantes LGBTQIAPN+  nas salas de aula. Mas seguimos...

Porque, honestamente, eu compreendo porque esses setores têm tanto medo da
linguagem neutra. E porque elegeram as escolas como seu campo de batalha
principal.

Eles sabem que a educação inclusiva é transformadora .

Mesmo que isoladamente a linguagem neutra seja apenas uma ferramenta, ela tem o potencial de despertar a consciência de que, independentemente do gênero, todas as pessoas são igualmente válidas.

Além disso, como cidadãos temos a obrigação de respeitar e garantir os direitos e acessos de cada indivíduo independente de sua identidade de gênero, mesmo que não possamos compreender cada nuance de sua identidade.

Já pensou no impacto que tornar essas duas sentenças realidade teria na qualidade de vida e na dignidade das pessoas trans do nosso país?

Vejam todas as discussões que a linguagem neutra já provocou e todas as
estruturas que questionou simplesmente por ter sido sugerida.

Sugerida, pois jamais foi proposta como obrigatória.

Já pensou se fosse?

** Bruno Ferreira é estrategista de projetos de impacto social, especialista em diversidade e inclusão e Linkedin Top Voice. É uma liderança do It Gets Better, organização internacional focada no empoderamento da juventude LGBTQIAPN+ e produtor executivo do "Conversas Que Inspiram", premiado talk show sobre educação inclusiva.

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