Olá! Sejam bem-vindes a mais uma edição da minha coluna no iG Queer.
Meu nome é Bruno Ferreira, eu sou especialista em diversidade, equidade e inclusão, Linkedin Top Voice e… estudei minha vida inteira em um colégio tradicional e religioso.
Ou melhor: estudei minha vida inteira como um jovem LGBTQIA+ em um colégio tradicional e religioso.
Esse detalhe faz toda a diferença.
Naquela época, na primeira década dos anos 2000, eu não tinha qualquer referência positiva sobre diversidade sexual e de gênero dentro das salas de aula. Na verdade, minha experiência escolar foi bastante marcada pelo bullying e pelas agressões que eu sofri dentro do espaço educacional.
Uma experiência que muitas pessoas LGBTQIA+ podem se identificar.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional sobre o Ambiente Educacional no Brasil (da ABGLT) , mais de um terço dos estudantes LGBTQIA+ já sofreram agressões no ambiente escolar.
Para 73% dos estudantes, essas agressões eram verbais, através de comentários negativos ou xingamentos devido a sua orientação sexual ou identidade de gênero.
Agressões físicas motivadas por homofobia ou transfobia foram sofridas por 27% dos estudantes LGBTQIA+. Já cerca de 55% desses estudantes foram assediados sexualmente na escola.
Duro, né?
É por isso que esse texto é um apelo: prezados professores, os estudantes LGBTQIA+ contam com vocês.
Nossas professoras, professores e professories são uma das principais referências que temos durante nossa infância e adolescência, capazes de influenciar na construção das nossas opiniões e do nosso caráter.
Um profissional da educação que se posiciona ativamente contra a discriminação não apenas se torna um aliado dos estudantes LGBTQIA+, afetando diretamente o bem-estar e o pertencimento dessas pessoas dentro do ambiente educacional, mas ainda tem o poder de evitar que outros estudantes cresçam com atitudes preconceituosas e se tornem….
Senadores como os que acabaram de aprovar o relatório do PL 1.838/23 e tentam proibir que estudantes trans utilizem banheiros de acordo com sua identidade de gênero nas escolas.
Pois é.
Então, na próxima reunião de classe, que tal conversar com seus colegas sobre o fato que 82% das pessoas trans sofrem evasão escolar devido ao preconceito?
Ou só encaminha esse texto no grupo dos professores para começar.