A identidade de gênero de alguns atletas dos Jogos de Paris foi alvo de questionamentos e ataques. Nesta semana, a boxeadora argelina Imane Khelif foi equivocadamente apontada como mulher trans, tornando-se alvo de perseguição de transfóbicos, incluindo políticos conservadores. Ultrapassando discussões complexas e preconceito, apenas um atleta do boxe faz parte da comunidade trans: o filipino Hergie Bacyadan.
Quem é a única pessoa trans do boxe nas Olimpíadas? Conheça Hergie Bacyadan
Nascido com o gênero feminino, o filipino Hergie Bacyadan atualmente se identifica como homem trans. Apesar disso, ele continua competindo na categoria feminina do boxe.
O filipino tem uma trajetória longa nas modalidades de luta. Em 2016, ele entrou para a equipe de Wushu do país e, no ano seguinte, conquistou o segundo lugar na Copa Asiática de Wushu Sanda e no Campeonato Mundial.
Após se dedicar ao Wushu, o atleta decidiu migrar para o Vovinam, uma arte marcial de origem vietnamita. Assim como na modalidade anterior, Hergie se destacou, conquistando a prata nos Jogos do Sudeste Asiático de 2023 e o ouro no Campeonato Mundial de Vovinam do ano passado. A conquista o colocou no ranking como o primeiro atleta filipino a ganhar um título mundial na modalidade.
Em 2024, Hergie estreou nos Jogos Olímpicos como boxeador. Por não ter iniciado a transição hormonal, ele ainda compete na divisão feminina do esporte.
"Não tomei hormônios ou esteroides para parecer um homem. Esta é a minha construção natural, na qual trabalhei por 10 anos. Se eu competir na divisão feminina, não acho que haja um problema", declarou em entrevista à revista Preview das Filipinas.
Na quarta-feira (31), Hergie Bacyadan foi eliminado durante as quartas de final. Ele foi derrotado pela chinesa Li Qian, na divisão de peso médio feminino.