Os pedidos de boicote contra empresas que manifestam apoio à comunidade LGBTQ+ no mês do orgulho não param e o mundo dos videogames não ficou de fora. Recentemente a Activision, proprietária da popular marca “Call of Duty”, removeu conteúdos relacionados a jogadores profissionais após comentários criticando políticas LGBTQ+ em escolas nos Estados Unidos.
Nick Kolcheff, um popular streamer com mais de 4 milhões de inscritos no YouTube, que atende pelo apelido de Nickmercs, teve sua "skin" - uma aparência particular do avatar de um jogador - removida da venda após comentar no Twitter sobre uma confusão entre manifestantes pró e anti-LGBTQ+ no lado de fora de uma reunião do conselho escolar em Glendale, na Califórnia – ocorrido no último dia 6 de junho.
Após a decisão da empresa, outro famoso jogador pediu que sua skin também fosse removida "em apoio" a Kolcheff. Outros usuários também postaram vídeos de si mesmos desinstalando o jogo em “solidariedade” ao streamer.
A Activision se une ao já extenso grupo de empresas a enfrentar pedidos de boicote. Várias outras foram alvo de protestos nos últimos meses seguindo acusações de integrarem a chamada “Agenda Woke”, por produzirem campanhas de marketing em apoio à comunidade LGBTQ+.
As controvérsias falam de uma guerra cultural mais ampla sobre a aceitação de indivíduos LGBTQ+ na vida pública. Embora os especialistas tenham dito que essas campanhas oferecem uma oportunidade para as marcas atraírem consumidores em novos mercados, os críticos acusam as empresas de “alienar sua base de clientes tradicional”.
O incidente na reunião do Distrito Escolar Unificado de Glendale, que apoiou unanimemente uma proposta de reconhecer junho como o “Mês do Orgulho” serviu para solidificar as tensões sobre se as questões LGBTQ+ deveriam ser discutidas e ensinadas em salas de aula (algo pelo qual o movimento “Don’t Say Gay” luta contra).
Respondendo a um vídeo da briga entre os manifestantes, Kolcheff escreveu em um tweet: "Eles deveriam deixar as crianças em paz. Esse é o verdadeiro problema."
Enquanto alguns usuários concordaram com o setreamer, outros sugeriram que a linguagem jogava com acusações de que aulas de afirmação LGBTQ+ estavam sendo usadas para cuidar de crianças. Já outros disseram que é "extremamente prejudicial ".
Em uma transmissão ao vivo na mesma semana, Kolcheff negou ter crenças anti-LGBTQ+. Observando que ele e sua esposa tinham acabado de ter um filho, ele disse: "Ela e eu concordamos que queremos ser os únicos a conversar com nosso filho sobre coisas assim."
Kolcheff acrescentou: "O vídeo me incomodou. Só não acho que seja lugar para um professor ou uma escola - não acho que seja o lugar para falar sobre isso. Não é que eu ache que não deva ser discutido."
No dia 8 de junho, a conta oficial de Call of Duty no Twitter afirmou que o pacote em parceria com Nickmercs havia sido removido de suas lojas para Modern Warfare 2 e Warzone.
"Estamos focados em celebrar o orgulho com nossos funcionários e nossa comunidade", acrescentou. No dia anterior, a Activision havia escrito em comemoração ao Mês do Orgulho LGBTQ+ que "pretendemos promover um ambiente inclusivo, solidário e livre de julgamento".
No domingo (11), o colega streamer Tim Betar, conhecido pelo nome TimTheTatman, com 5 milhões de inscritos no YouTube, disse que é amigo de Kolcheff "há anos" e que "parece errado eu ter minha [skin] e ele não ter mais a dele", pedindo a Call of Duty para remover seu pacote também.
No mesmo dia, um porta-voz da Activision disse à Eurogamer que também havia removido o conteúdo de Betar. Desde então, os jogadores pediram a outros que "boicotassem o Call of Duty" e espalharam a notícia nas redes sociais com as hashtags #BoycottCallOfDuty e #IStandWithNickmercs (“Eu estou com Nickmercs”, em tradução livre).
Herschel Beahm, conhecido como Dr Disrespect, instou seus espectadores a desinstalarem o jogo, dizendo que: "Eles precisam se desculpar publicamente com ele [Nickmercs] ou restabelecer seu pacote para que eu considere jogar Call of Duty novamente."
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