Crianças criadas em famílias LGBTQ+ não sofrem com problemas de desenvolvimento, comparada com crianças com pais heterossexuais - diz pesquisa
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Crianças criadas em famílias LGBTQ+ não sofrem com problemas de desenvolvimento, comparada com crianças com pais heterossexuais - diz pesquisa

Atualmente, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é reconhecido em 34 países, mas a questão de crianças criadas por casais LGBTQ+ continua sendo um fator de divisão sociocultural e político, sobre como a orientação sexual dos pais afeta as crianças.

Porém, de acordo com um estudo publicado na revista cientifica BMJ Global Health , para a criança, ser criada por pais do mesmo sexo não parece ser um fator determinante em seu desenvolvimento, em comparação a uma criança criada por pais heterossexuais. Na verdade, estar em uma família “fora dos padrões” pode ter até algumas vantagens.

O número de crianças criadas por pais LGBTQ+ aumentou nos últimos anos. De acordo com  dados de 2019, nos Estados Unidos, 14,7% dos casais formados por pessoas do mesmo sexo tinham ao menos um filho menor de 18 anos, em comparação com 37,8% dos casais heterossexuais.

Estudos anteriores sugeriam que crianças criadas por pais homoafetivos não experimentam resultados negativos em relação ao funcionamento emocional ou estigmatização quando comparadas com outras crianças. No entanto, alguns estudos demonstraram uma associação negativa entre pais homossexuais e resultados de desenvolvimento das crianças, inclusive nas áreas de saúde e educação.

O novo estudo analisou outras 34 pesquisas publicadas entre 1989 e 2022 em países onde o casamento entre pessoas do mesmo sexo era legal, para identificar a disparidade entre famílias LGBTQ+ e heterossexuais em relação aos principais resultados familiares, como: ajustamento psicológico das crianças, saúde física, papel de gênero comportamento, identidade de gênero e orientação sexual e resultados educacionais.

O estudo ainda considerou o ajustamento psicológico dos pais, a relação entre pai e filho e os fatores de risco associados a maus resultados familiares. A análise dos dados agrupados dos resultados mostrou que a maioria dos resultados familiares foi semelhante entre famílias heterossexuais e as homoafetivas.

Além disso, também se descobriu que crianças criadas por pais LGBTQ+, especialmente crianças em idade pré-escolar, demonstraram melhor ajustamento psicológico do que aquelas criadas por pais heterossexuais.

“Crescer com pais de minorias sexuais pode conferir algumas vantagens às crianças”, disseram os pesquisadores. “Eles foram descritos como mais tolerantes com a diversidade e mais carinhosos com crianças mais novas do que filhos de pais heterossexuais”.

A análise descobriu que as crianças em famílias LGBTQ eram menos necessidade se afirmarem como heterossexuais do que as crianças com pais do sexo oposto. Isso, sugeriram os pesquisadores, deve-se ao fato de os pais LGBTQ colocarem menos ênfase nos papéis tradicionais de gênero.

“Pode haver menos estereótipos de gênero em famílias de pais minoritários, e esse efeito pode ser positivo”, disseram os pesquisadores. “A exploração da identidade de gênero e sexualidade pode realmente aumentar a capacidade das crianças de ter sucesso e prosperar em uma variedade de contextos”.

A revisão indicou que os pais LGBTQ eram iguais aos pais heterossexuais em termos de satisfação no relacionamento, saúde mental, estresse parental e funcionamento familiar. Os fatores de risco identificados para maus resultados familiares para famílias homoafetivas incluíram estigma e discriminação, falta de apoio social e coabitação em vez de pais casados.

“O casamento legal confere uma série de proteções e vantagens para os casais que se casam e para seus filhos”, disseram os pesquisadores.

O esperado com a nova análise é que os resultados acalmem as preocupações sobre o bem-estar das crianças das famílias fora dos padrões heteronormativos.

“Uma contribuição desta revisão é o reconhecimento de que a orientação sexual dos pais não é, por si só, um determinante importante do desenvolvimento das crianças”, disseram eles. “Os formuladores de políticas, profissionais e o público devem trabalhar juntos para melhorar os resultados familiares, independentemente da orientação sexual.”

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