Nila foi uma das protagonistas dos 25 anos de "Malhação" quando deu o primeiro beijo entre duas pessoas LGBTs , quando interpretava Michael Santiago na novela teen em 2018, na época em que ainda se identificava com o nome Pedro Vinícius. Cinco anos depois, ela veio a público para anunciar que estava passando por um processo de transição de gênero e que gostaria de ser chamada como Nila.
A atriz se declarou como uma pessoa trans não binária e, em entrevista à coluna de Patrícia Kogut, disse que seu nome anterior não expressava a pessoa que era artisticamente, apesar de adorá-lo. Foi aí que começou a se entender como uma pessoa em transição.
"Pensei: 'Quero mudar meu nome mesmo ou o nome artístico?'. É difícil separar quem é quem. Ficava em dúvida se queria uma nova figura artística ou se queria ser uma nova pessoa de certa forma. Mas eu sou quem eu sempre fui. Então, teve um dia que passei horas pensando em como seria se trocasse de nome. E fui tomar banho. Do fundo da minha cabeça, não sei explicar, sabe quando vem uma coisinha? Como se fosse aquele trem saindo do túnel e vindo na minha direção. Pequeno, lá no fundo, se aproximando. Foi essa sensação com o nome. Eu ouvi na minha cabeça. Começou baixinho. Eu senti. Nila. E ainda tem o anagrama. Anil. Azul é uma cor que sempre me expressou muito", comentou.
Nila já adotou o nome social no documento de identidade e discursou que a mudança para o Rio de Janeiro foi determinante para a mudança de vida. Natural de João Pessoa, na Paraíba, ela foi morar na capital fluminense com apenas 15 anos, onde começou a estudar em uma escola completamente diferente e percebeu que poderia ser quem realmente tinha vontade.
"Em 2015, entrei para o comitê de gênero e sexualidade da escola. Ali pude entender mais sobre quem eu era. Desde os 16, me identifico como não binária. Na escola, eu me expressava muito intensamente. Vestia o que queria, me maquiava como queria. Quando saí, fui direto para a 'Malhação'. Passei a conviver com muitos homens cis e hétero. Não era um ambiente exatamente acolhedor para pessoas como eu. Não via pessoas iguais a mim. Acho que isso afetou o meu processo", lembrou.
Ela ainda destacou que, em 2019, passou a frequentar espaços com pessoas trans e pode perceber que se identificava só como não binária porque tinha medo do rótulo de trans.
"Quando percebi que, sendo não binária, ainda seria uma pessoa trans, foi muito complexo. Foi quando me dei conta da minha transgeneridade. Ao ter contato com pessoas trans, consegui humanizar. Meu medo era: 'Não vou trabalhar, vou morrer aos 35 anos, não vou ter amigos, vou ter uma vida miserável'. Esse imaginário que foi construído é horrível", salientou.
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