O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo
Iluha Zavaley/Unplash
O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo

Ministério dos Direitos Humanos (MDHC) divulgou um levantamento realizado pela Associação Nacional de travestis e transexuais (ANTRA) em que revela que, em 2022, 151 pessoas trans foram assassinadas no Brasil . O dossiê ainda aponta que outras 20 pessoas tiraram a própria vida diante da discriminação e do preconceito presente na sociedade brasileira. O documento “Dossiê: Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras" foi entregue ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) nesta quinta-feira (26). 

O ministro da pasta, Silvio de Almeida, lamentou o número elevado da violência contra pessoas trans e, apesar da tristeza estampada nas páginas do relatório, a existência do documento aponta para caminhos que levarão o Brasil a superar a tragédia dos números a partir da mudança e da transformação.

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“Quando falamos sobre gênero e sexualidade, somos acusados de sermos identitários. Pergunto a essas pessoas se é possível construir um país com os números que vemos agora”, provoca. “É possível construir um país suportando o assassinato de pessoas só porque elas são o que elas são? Se não tivermos a decência de mudar essa realidade, não merecemos ser um país”.

Do total de 151 pessoas trans mortas em 2022, 65% dos casos foram motivados por crimes de ódio, com requinte de crueldade. 72% dos suspeitos não tinham vínculo com a vítima. De acordo com o relatório, a identidade de gênero é um fator determinante para essa violência. 

Symmy Larrat, secretária nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, destacou que pretende ultrapassar a simbologia de ser a primeira travesti a ocupar o cargo atual e prometeu que vai se empenhar em transformar esses dados em atitudes.

“Iremos trabalhar com ousadia. Vamos realizar entregas importantes para a população brasileira. Os dados que recebemos hoje vão reger a criação das nossas políticas públicas”, enfatizou. 

A presidente da Antra, Keila Simpson, contextualizou o período vivido pelo Brasil nos últimos anos. “Nos arrancaram desse espaço de forma cruel e danosa. Mas não tivemos medo: desenhamos novas estratégias pelos movimentos sociais. E quando não conseguiram deter a primavera que estava se avizinhando, voltamos a partir do dia 30 de outubro de 2022”, declarou, antes de dizer que “agora nós temos vez, voz e vamos avançar”.

Já a secretária de Articulação Política da Antra, Bruna Benevides, apresentou os dados revelados pelo levantamento. Neste sentido, a pesquisadora citou o apagamento da luta de pessoas trans desde 2019. “Houve exclusão de comitês e mecanismos de proteção e visibilidade da pauta pelos ministérios dos Direitos Humanos, da Educação e das Relações Exteriores”, apontou. Na visão da pesquisadora, as notícias falsas contribuíram como método para silenciar pessoas transgênero. 

Além de Silvio e Symmy, também estava presente no evento a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que afirmou que nos últimos anos existiu um processo político de negação da existência de pessoas negras e trans. “Esses números são extremamente impactantes. Isso tem relação com a necropolítica e o quanto esses corpos são descartáveis”, afirma. 

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