Kikunojo é uma mulher trans do anime
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Kikunojo é uma mulher trans do anime "One Piece"

Quando se fala do fenômeno dos  animes e da comunidade LGBTQIAP+ no mesmo assunto, normalmente há algumas controvérsias. Isso porque o Japão é um país conservador , logo os produtos culturais que saem de lá e são distribuídos mundo afora carregam muito destes valores, o que inclui a pouca – ou nenhuma – discussão acerca das vivências queer. Embora atualmente os gêneros  BL (Boys Love)GL (Girls Love) chamem a atenção na indústria, vale olhar para outras obras e questionar: onde estão as demais letras da sigla? 

Falando especificamente da letra T, que sofre uma série de tabus, paradigmas e preconceitos específicos, os animes não costumam desenvolver muitos personagens transgênero, mas eles não são inexistentes. O iG Queer separou alguns deles com o objetivo de abordar de que forma eles são apresentados e o que ainda falta caminhar para que os animes possam abraçar outras letras da sigla de maneira mais naturalizada e coerente. 

Hange Zoe, de “Shingeki no Kyojin” (2009 – lançamento do mangá)

Hange Zoe
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Hange Zoe

No idioma japonês, toda vez que alguém se dirige à personagem durante a obra é de maneira neutra. Somado com o fato de que a expressão de gênero do personagem mescla estereótipos de masculinidade e feminilidade – dando margem para interpretações variadas – e as traduções erradas do japonês a citam com pronomes femininos, dá a entender que Hange Zoe é uma pessoa não-binária.

Em nenhum momento é dito com todas as letras que se trata de uma identidade que não é nem masculina nem feminina, tampouco há confirmações cânones – oficiais –, mas muitos fãs acreditam nessa possibilidade. 

Miyuki, de “Yu Yu Hakusho” (1993)

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"Meu corpo pode ser 'de homem', mas no meu coração eu sou uma mulher!"

Ela é uma mulher trans que fica explicitamente incomodada ao ser tratada por pronomes masculinos. Além disso, ela também não gosta que homens e mulheres sejam tratados de forma diferente durante as lutas, ou seja, é uma personagem que bate de frente tanto com cisnormatividade quando com os papéis de gênero, o patriarcado e o machismo. 

Aqui já é possível observar uma expressão mais livre e complexa da transgeneridade, uma vez que o aspecto do incômodo com os pronomes errados é abordada e também a própria estrutura de gênero é questionada. Levando em consideração que esse anime é mais antigo do que “Shingeki no Kyojin”, pode-se concluir que ser lançado mais cedo ou mais tarde não necessariamente determina o quão inclusiva e politizada uma obra será. 

Nitori Shuuichi, de “Hourou Musuko” (2003 – lançamento do mangá)

Nitori Shuuichi
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Nitori Shuuichi

Embora tenha sido designada como homem ao nascimento, Nitori sempre demonstrou que se identifica realmente com o gênero feminino, o que fez dela uma vítima de vários xingamentos e críticas. Apesar disso, ela deu continuidade ao processo de transição e teve muito apoio por parte dos amigos, o que faz dela uma personagem trans bastante verossímil. 

Ruka Urushibara, de “Steins;Gate” (2009 – lançamento da visual novel)

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"Quem se importa se você é uma garota ou um garoto?"

Sensível e emotiva, Luka é uma personagem que nutre sentimentos pelo amigo Rintaro desde a primeira vez em que eles se encontraram. Contudo, ela sente que este amor que tem por ele é errado e o mantém para si mesma. Muitas polêmicas foram levantadas em torno da personagem, principalmente porque as pessoas em volta dela, incluindo os “amigos”, a tratam no masculino, mesmo que ela tenha dito várias vezes que é uma garota. 

Aqui a transfobia já é abordada com um pouco mais de profundidade, pois faz parte da realidade da personagem e a identidade dela é uma fator que faz parte do enredo que ela vive, ou seja, a identidade dela é algo real e palpável na obra, não apenas uma suposição. 

Seiko Kotobuki, de “Lovely Complex” (2006)

Seiko Kotobuki
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Seiko Kotobuki

Assim como em “Steisn;Gate”, a transfobia aqui é mais profunda também. Seiko é uma garota trans tanto no mangá quanto no anime e no live action da obra, e chegou a namorar com um garoto. Porém, ele terminou com ela ao descobrir que ela é transgênero. Esse fator, infelizmente muito presente na vida de pessoas trans, é importante de ser abordado e mostra como a transfobia impede que pessoas transgênero consigam desenvolver relacionamentos, às vezes.

Mai Takada, de “Death Parade” (2015)

Mai Takada
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Mai Takada

Como o anime aborda vários temas rapidamente, não há informações muito complexas sobre ela, mas se sabe que ela é trans e sofre transfobia de algumas pessoas. O par romântico dela, porém, a aceitou sem preconceitos, abrindo esse questionamento de que em vida ela não pôde viver uma paixão de verdade por conta da identidade de gênero. 

Yamato e Kikunojo, de “One Piece” (1999)

Yamato
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Yamato

Desde que foi inserido à trama, Yamato se apresenta como um homem trans e exige ser tratado pelos pronomes corretos, embora a transgeneridade não seja tratada como o único plot – enredo – dele. Yamato possui uma história e uma trajetória que são bem desenvolvidas e dão mais espaço e verossimilhança a ele. Além disso, Yamato possui seios e expressão de gênero alinhada ao que é socialmente lido como "feminino", ou seja, ele ainda questiona esses padrões e quebra a expectativa de se "masculinizar".

Kikunojo é uma mulher trans do anime
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Kikunojo é uma mulher trans do anime "One Piece"

Kikunojo, por sua vez, é uma mulher trans que faz parte dos Bainhas Vermelhas. Assim como Yamato, a identidade de gênero dela não é questionada e os pronomes são respeitados constantemente, além de também não ser resumida apenas a uma pessoa trans, mas a alguém com personalidade, histórico e vivências significativas.

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