A modelo Sumé Yina compartilhou o relato da violência em seu Instagram.
Reprodução/Instagram @sumeyina 15.08.2022
A modelo Sumé Yina compartilhou o relato da violência em seu Instagram.

A modelo Sumé Yina, de 24 anos, compartilhou em sua conta do Instagram que foi mais uma vítima de transfobia no Brasil.  A jovem, nascida no Rio de Janeiro, afirma ter sido agredida durante trajeto realizado em uma uma corrida de aplicativo, na última semana, na cidade de São Paulo.

"Por dias venho buscando entender se devia compartilhar o que aconteceu comigo e agora que consigo mover de novo meus dedos escrevo sobre a violência brutal que eu sofri", começou a modelo no relato na rede social.


Sumé continua dizendo que foi espancada e que seus ossos foram quebrados.

"Fui colocada no maior lugar de vulnerabilidade em que já vivi. Escrevo nesse momento para lembrar as minhas irmãs o quanto expostas estamos - mesmo que em nenhum momento nos esqueçamos disso - e à cisgeneridade o quanto vulnerável ainda estamos perante a vocês", disse.

Além da agressão física, a modelo afirma que também sofreu abuso sexual.

"Fui agredida por um motorista da 99, após um abuso sexual, mais um dos inúmeros que já sofri, e espancada. Vi meu corpo jorrar sangue por todos os lados, me senti sedada, imóvel a tamanha a violência, no fim não sentia meus braços que já estavam inchados e quebrados por eu defender como eu pude a minha vida", afirmou.

No fim do relato, ela explica porque decidiu compartilhar uma foto com as marcas da violência.

"Compartilho meu corpo agredido porque sei que por mais que eu acredite na ressignificação de nossas imagens, o que eu luto pra reconstruir, ainda sofremos os mesmos ataques, ainda toda semana uma travesti é espancada até a morte no Brasil", escreveu.

Trazendo representatividade indígena e trans para a moda, Sumé coleciona no currículo editoriais em publicações renomadas, como Harper's Bazaar e Vogue Portugal, desfile na São Paulo Fashion Week, além de campanha de beleza para marcas como Hero Beauty.

O Brasil encabeça o ranking das nações que mais matam pessoas LGBTQIAP+, há 13 anos, de acordo com a ONG Internacional Transgender Europe - TGEU, que monitora mais de 70 países.

Em 2020, 175 assassinatos de pessoas transexuais foram computados no país - é, em média, uma morte a cada dois dias motivada por discriminação pela identidade de gênero , segundo a ANTRA - Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil - que reforça que, na prática, há uma subnotificação de casos. Ou seja: a realidade é ainda pior.

Em nota, a 99 informa que "repudia veementemente o ato de violência e discriminação contra a passageira Sumé". Além disso, o motorista também foi banido da plataforma. Confira a nota na íntegra:

"A 99 repudia veementemente o ato de violência e discriminação contra a passageira Sumé. Assim que a denúncia foi recebida, o motorista foi imediatamente banido do app e uma equipe foi mobilizada para oferecer todo o acolhimento e suporte necessário à vítima. A empresa reitera que está colaborando ativamente com as investigações da polícia para que o caso seja solucionado o mais breve possível. Com a ciência de que nada pode amenizar o que Sumé viveu, a empresa segue empenhada em combater esse tipo de situação na plataforma. Todos os motoristas parceiros são orientados a terem uma conduta que preze pelo respeito e destacamos que esse tipo de comportamento não é tolerado. A 99 conta com uma central de atendimento exclusiva para segurança, que trabalha 24 horas por dia e sete dias por semana, para colaborar com a proteção de todos os usuários."

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