A cidade de Araraquara, interior de São Paulo, vai ganhar uma casa de acolhida LGBTQIA+ com o nome de Ricardo Corrêa da Silva, que já foi conhecido no centro da capital paulista como Fofão da Augusta. A história de Ricardo foi popularizada em todo o Brasil após uma reportagem feita pelo jornalista Chico Felitti, em 2017, que narrava a vida de Corrêa como pessoa em situação de vulnerabilidade.
O Projeto de Lei nº 107/2022, de autoria da vereadora Filipa Brunelli, foi aprovado nesta quarta-feira (25). "O que fazemos hoje é resgatar seu nome, acolher sua figura e eternizar sua importância para nossa comunidade e nossa cidade", afirma a vereadora.
Anos antes, o cabeleireiro, drag queen, maquiador e ativista, que nasceu em Araraquara, tinha sido expulso da cidade. A vida de Ricardo Corrêa e de sua companheira na noite paulistana, Vânia, chegou a ganhar um livro-reportagem em 2019, "Ricardo e Vânia: o maquiador, a garota de programa, o silicone e uma história de amor".
A casa de acolhida será voltada para pessoas LGBTQIA+ em situação de rua ou expulsos de casa por seus núcleos familiares, situações pelas quais o próprio passou. "[Ricardo] teve sua perspectiva de vida destruída por uma sociedade excludente, que o marginalizou, tacando-o para o ostracismo social, o violentando. Aquele que falava vários idiomas, que era cabeleireiro das estrelas araraquarenses e tinha uma das melhores escovas da avenida paulista na década de 80/90, acabou seus dias morando nas ruas, se alimentando dia sim, dia não, violentado, desrespeitado, tendo sua humanidade negada", escreveu a vereadora em seu Instagram ao divulgar a notícia.
Felitti também fez o anúncio nas redes sociais e agradeceu a vereadora pela autoria do PL. "Acordei hoje emocionado pra burro. É que foi aprovado o projeto de lei que batiza uma casa de acolhida LGBTQIA+ em Araraquara de Casa Ricardo Correa. O mesmo Ricardo que saiu da cidade hostilizado porque era gay. O mesmo Ricardo que veio pra São Paulo e virou um cabeleireiro de renome. O mesmo Ricardo que injetou silicone no rosto e acabou sem direito a um nome, reduzido a um apelido maldoso", escreveu.