Na última festa do 'BBB 22', no sábado, Luisa Sonza entrou no palco primeiro. Depois, ela chamou Liniker para cantar. A apresentação emociou muitos participantes, principalmente Lina, que chorou praticamente todo o tempo. As lágrimas tiveram sua razão de ser. Cantoras trans, Liniker e Lina são amigas, já moraram juntas em Santo André, São Paulo, quando faziam escola de teatro juntas. Mais do que isso, Liniker já contou em entrevista que o encontro com Lina fez com que ela entendesse que "tudo o que pensava em Araraquara pode sair para fora”.
A cantora de 26 anos nasceu em Araraquara e surgiu no cenário musical há seis anos, à frente de sua banda, Os Caramelows. Desde que seu caminho se separou, de comum acordo, daquele dos companheiros, em 2019, ela vem preparando o voo solo, um disco “que se pudesse ouvir, mas também sentir”, “um disco convite, um disco de presente, com o qual se possa se acessar novos lugares”. No ano passado, chegou a hora desse voo na direção do seu público, nas asas de uma “Indigo borboleta anil”. Liniker tem show marcado em junho no Circo Voador, no Rio.
"Várias borboletas azuis passaram na minha frente na feitura do disco, física e oniricamente. Eu cuspi o título justo quando estava passando uma borboletona. Eram os meus orixás e a natureza me avisando", relatou Liniker, em entrevista por Zoom, na ocasião do lançamento. "Eu precisei de tempo. Tanto que tem uma música no disco, 'Antes de tudo', que é minha primeira composição, de quando eu tinha 15 anos. Ver que eu ainda estou nesse processo de cura de mim mesma é muito especial. Esse é o meu disco sol, para a gente poder incandescer."
Produzido por Liniker junto com o violonista Júlio Fejuca e o guitarrista Gustavo Ruiz, “Indigo borboleta anil” é um disco sofisticado e balançado. Nada menos que duas orquestras – a Jazz Sinfônica de Ruriá Duprat e a Rumpilezz de Letieres Leite – dão a moldura mais luxuosa e emotiva para que a cantora solte a voz em suas composições entre o soul, o samba, o jazz e o reggae.
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O trabalho tem a densa e onírica faixa do disco, “Lalange”, gravada com a participação de Milton Nascimento, que ela escreveu quando o menino Miguel caiu do alto de um prédio no Recife enquanto estava sob os cuidados da patroa da mãe dele.
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Liniker também é atriz. Protagonizou a série “Manhãs de Setembro”, da Amazon, que estreou em junho de 2021. O papel de Cassandra, cantora e motogirl que tem seus planos interrompidos pela chegada de um filho que não sabia ter, foi, para Liniker, também uma realização de velhos sonhos.
Em 2020, o grupo comunicou em nota oficial o fim da jornada: "A gente sentiu dificuldade de pensar em um nome para esse anúncio. Os termos 'pausa' e 'hiato' ganharam um significado — no mercado da música — que não é o que queremos passar, pois logo nos cobrariam um retorno. Ao mesmo tempo, não é um fim. Vamos seguir novos caminhos separados e que podem se cruzar em algum momento."
Em 2019, Liniker foi indicada ao Grammy Latino de 2019 na categoria Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa. Nascida no interior de São Paulo, ela estourou na internet com o EP "Cru", em 2015.
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