Seja no verão, na primavera ou simplesmente em dias em que o clima está mais abafado, a chegada das estações quentes apontam para a necessidade de cuidados especiais com a região íntima. Tanto homens como mulheres, cis ou trans, precisam ter atenção para evitar a proliferação de fungos e bactérias decorrentes do abafamento da região.
A ginecologista Taís Calomeny e o urologista Eduardo Leze afirmam que, tanto no caso de pessoas com vagina como de pessoas com pênis, as estações quentes podem sofrer desequilíbrios.
Tanto homens como mulheres estão expostas à candidíase, uma infecção comum causada pelo nível alto de fungos, mas que pode incomodar por causar coceiras e vermelhidão. Da mesma forma, infecções urinárias também são recorrentes. Leze explica que isso ocorre porque muitas pessoas esquecem de corrigir a ingestão de água, que deve ser maior nas épocas mais quentes. “Uma bexiga com urina concentrada é um prato cheio para as bactérias”.
Há ainda um agravante no caso de pessoas com vagina, como mulheres cis homens trans e algumas pessoas não-binárias. “O calor e abafamento da região causam a alteração do pH vaginal, inflamação e inchaço vulvar, assim como o aumento de coceiras, ardência e irritação”, explica Calomeny.
No caso de pessoas com pênis, como homens cis, mulheres trans e determinadas pessoas não-binárias, o calor excessivo também faz mal aos testículos. “Os testículos devem ficar de 1°C a 2°C abaixo da temperatura corporal para uma ótima produção dos espermatozóides”, aponta Leze.
Os médicos afirmam que outro agravante das temporadas de calor é o uso prolongado de peças íntimas molhadas, principalmente as roupas de banho. “Os mergulhos no mar e piscina são mais frequentes e as roupas de banho ficam úmidas. Utilizá-las durante horas seguidas pode facilitar o surgimento dessas doenças e bactérias”, indica Calomeny.
Quais cuidados se deve ter com os genitais no calor?
Tanto para quem tem pênis ou vagina, é extremamente importante manter a região íntima devidamente higienizada. “A prevenção é manter a região seca, não usar sabonetes que matam bactérias e evitar excesso de açúcar, carboidratos e álcool'', diz o urologista para o caso de pessoas com pênis.
Para pessoas com vagina, Calomeny acrescenta que é preciso evitar o uso de sabonetes perfumados. “Nosso corpo é inteligente e se encarrega de fazer a limpeza interna naturalmente. Para o dia a dia, apenas água e sabão neutro são ideais, funcionam muito bem e mantêm o pH da região equilibrado”, indica.
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A ginecologista acrescenta que dormir sem roupas íntimas também pode ser útil para arejar a região e evitar proliferação de fundos, abafamentos e irritações.
Calomeny e Leze chamam atenção para o uso de roupas confortáveis e de algodão. “As mais justas podem aumentar a umidade e a temperatura da região, favorecendo o surgimento de infecções”, alerta a ginecologista. “Além das roupas mais claras e das de algodão, recomenda-se os tecidos antitranspirantes. Evite tecido sintético”, complementa o urologista.
Corrigir o nível de ingestão de água também contribui para os cuidados da região íntima. “Capriche na água até a urina ficar amarela, quase transparente”, indica Calomeny.
Quais os cuidados para quem fez redesignação sexual?
Para pessoas trans que optaram pela realização de redesignação sexual , Calomeny indica que os cuidados com a região íntima são basicamente os mesmos. A indicação da médica é que, antes de viagens para destinos com piscina e mar, o médico seja visitado. Isso porque devem-se realizar exames e verificar as taxas hormonais, que podem passar por alterações devido ao excesso de calor e impactar a região.
Quando procurar atendimento médico?
Calomeny afirma que pessoas com vagina precisam buscar atendimento quando sentirem inchaços e inflamações; odores mais fortes que o comum, corrimento mais espesso e amarelado acompanhado de ardência e coceira, e dores durante as relações sexuais.
No caso de pessoas com pênis, deve-se prestar atenção se há vermelhidão na região íntima, que pode ser causada por fungos. Em todos os casos, também é considerado grave sentir ardência ao urinar, já que isso pode significar que há infecção urinária.
O urologista ressalta que não se deve realizar automedicação ou aplicar cremes e pomadas sem prescrição médica. O tratamento errado pode agravar o quadro. Sempre se deve procurar um especialista aos primeiros sinais de anormalidade.
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