De “traveco” a “aidético”: termos ofensivos para não dizer nunca mais

A linguagem pode contribuir para a intensificação da desigualdade social e de violências contra determinados grupos de pessoas, como pessoas negras, mulheres, LGBTQIA+, pessoas com deficiência, indígenas, pessoas gordas e muito mais. Saiba o que essas palavras pejorativas realmente significam, como elas podem ferir e os termos corretos para substituir no vocabulário

Termos estão organizados no Dicionário da Cidadania

A nova plataforma, idealizada pela agência Binder e lançada pela ONG Ação da Cidadania, é um dicionário de consulta de termos pejorativos e reúne o trabalho de ativistas e historiadores que, ao longo dos anos, mapearam e denunciaram frases e palavras ofensivas que estão enraizadas na Língua Portuguesa. Saiba mais sobre o Dicionário da Cidadania no link abaixo. Conheça alguns termos nos próximos cards!

Anete Lusina/Pexels

“Bicha”

TROQUE POR: gay ou homossexual. “Esta palavra vem do francês ‘biche’, que significa fêmea do veado. No Brasil, no entanto, desde o início do século 20, é usada pejorativamente para designar os gays”

iStock

“Samba do crioulo doido”

TROQUE POR: bagunça. “A expressão reforça os estereótipos negativos em relação ao povo negro”

Yan Krukov/Pexels

“Gordo, mas lindo de rosto”

TROQUE POR: pessoa bonita. “Uma pessoa pode ser bonita, independentemente do peso corporal. Associar a beleza à magreza é impor padrão estético, diminuindo quem está acima do peso”

Shvets Production/Pexels

“Aidético”

TROQUE POR: pessoa soropositiva. “A palavra ‘aidético’ carrega, semanticamente e ortograficamente, dois erros. O primeiro é que a sigla de Acquired Immune Dificiency Syndrome (Aids) é de origem inglesa e não possui derivação em português. O segundo é que, quando usamos esta expressão, sugerimos que a pessoa é a própria síndrome, reduzindo sua identidade, seus direitos e a associando a uma morte anunciada, o que não é verdade”

Anna Shvets/Pexels

“Índio”

TROQUE POR: indígena. “Esta palavra é reducionista e repleta de preconceitos, sinalizando os povos indígenas como selvagens e minimizando sua diversidade e diferenças, sejam regionais, linguísticas ou sociais”

Governo Federal

“Programa de índio”

TROQUE POR: atividade chata? “Expressão errônea que associa os povos indígenas a hábitos arcaicos e ruins”

Agência Pará

“Retardado” e “pessoas especiais”

TROQUE POR: pessoa com deficiência. “No caso de ‘retardado’, o termo é pejorativo para designar pessoas com deficiência. Já ‘pessoas especiais’ é um eufemismo muito difundido para fazer referência às pessoas com deficiência”

RODNAE Productions/Pexels

“Traveco”

TROQUE POR: travesti. “Na Língua Portuguesa, o sufixo 'eco' normalmente acrescenta uma conotação pejorativa e negativa à palavra. Além disso, o termo refere-se ao gênero masculino, que não é o caso das travestis”

Ricardo Matsukawa/Banco de imagens LGBT Tem Que Ter

"Escravo”

TROQUE POR: escravizado. “Ninguém é escravo. Pessoas foram submetidas à escravidão, foram escravizadas”

Pixabay

“Mal-amada”

TROQUE POR: estressada ou irritada. “Homens e mulheres, em igualdade, possuem momentos de irritação ou estresse. Associar um comportamento a um relacionamento afetivo ou a uma mulher ter ou não feito sexo é machismo”

Pavel DanilyukPexels

“Judiar” ou “judiação”

TROQUE POR: maltratar. “Essas palavras são repletas de antissemitismo. Significa maltratar alguém como se fosse um judeu”

Cottonbro/Pexels

“Magia negra”

TROQUE POR: feitiço. “Muito usada de modo preconceituoso para designar religiões de matriz afro, esta palavra também é prejudicial por associar a cor preta a algo que é ruim”

Cottonbro/Pexels

“Paraíba”

TROQUE POR: nordestino. “Usada para designar nordestinos de todos os estados da região, esta palavra é reducionista e simplifica a diversidade dos nove estados do Nordeste”

Reprodução/Perfil Brasil

“Preso” ou “detento”

TROQUE POR: pessoa em privação de liberdade. “As palavras preso ou detento denotam que a pessoa em privação não possui família, individualidade ou vida pregressa, reduzindo-a apenas ao motivo de sua condenação. A nomenclatura correta para pessoa privada de liberdade, depois de julgada culpada, é apenada ou reeducanda”

RODNAE Productions/Pexels